Botox pode ajudar quem sofre de enxaqueca

Imagine passar mais de 15 dias por mês com dores de cabeça fortes e incessantes, muitas vezes associadas ainda a outros sintomas, como tontura e formigamento. Só quem tem enxaqueca crônica sabe como é viver assim. Apesar de atingir apenas 2% da população brasileira, a doença preocupa bastante por ser extremamente incapacitante. Mas, há pelo menos dois anos, um tratamento diferente tem chamado a atenção por seus bons resultados no combate à enxaqueca.

Trata-se da aplicação de toxina botulínica tipo A, mais conhecida como botox, nas regiões mais afetadas pela dor. “O procedimento, praticamente indolor, compreende a utilização de microinjeções em 31 pontos do rosto e da cabeça, na nuca, na área entre os olhos e nas regiões frontal e temporal (em cima das orelhas)”, explica o médico otorrinolaringologista Alexandre Cercal. De acordo com ele, ao atingir a musculatura dessas áreas, a toxina relaxa o tecido, diminuindo a liberação de hormônios e outras substâncias que causam a dor.

A utilização da toxina para este fim foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2011. “Desde então, a própria bula do produto contém informações, como a indicação de que as aplicações sejam feitas a cada três meses, mas, às vezes, isso não é necessário, pois uma é suficiente para obter o resultado esperado”, comenta Cercal. O único “porém” é que, mesmo que a aplicação seja feita com fins de tratamento da enxaqueca, a toxina provoca alterações no rosto como em procedimentos estéticos. “Normalmente, isso não é um problema, pois o ‘efeito colateral’ é desejável, mas é preciso considerar esta questão antes de se submeter”.

No entanto, o procedimento não é indicado para todos e quaisquer pacientes que sofrem de enxaqueca crônica, como esclarece o médico. “O ideal é que a pessoa busque esse tratamento somente depois de tentar outras possibilidades com outros profissionais da área médica, como medicação e mudança de hábitos, reduzindo estresse, cortando o tabagismo e fazendo uma dieta adequada”, afirma. Somente depois disso é que a aplicação da toxina é recomendada. Quando a intervenção é necessária, entretanto, o resultado é quase sempre positivo, garante o médico.

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