A sorte de estar perto da avó

É difícil encontrar alguém que não tenha boas recordações da infância. E, para muita gente, boa parte dessas lembranças também está atrelada a um convívio muito mais intenso com os avós, principalmente porque muitos deles acabam ajudando os pais com a criação das crianças.

Seja no dia a dia ou somente nas férias, os avós costumam passar muito mais tempo com os netos quando eles ainda são pequenos, pois crianças exigem mais atenção e nada melhor do que serem cuidados pelos próprios familiares quando não estão na escola.

É por isso que eles merecem todas as homenagens possíveis nesta semana em que comemora-se o Dia dos Avós, celebrado ontem. A data, provavelmente, foi escolhida porque este é o dia de Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria e, portanto, avós de Jesus Cristo.

Apesar de o convívio ser mais intenso durante a infância, entretanto, tem muita gente que consegue mantê-lo mesmo na adolescência e na idade adulta. Afinal, quem ainda tem avós quando já está mais velho tem que aproveitar mesmo! Nunca é tarde para um colo de uma avó ou de um avô.

Arquivo Pessoal
Almoço é encontro de Giovanna com avó.

E as mulheres parecem ter uma tendência ainda maior de manter esse convívio, tendo um relacionamento mais próximo, principalmente com as avós. Este é o caso da estudante Daniela Dias Anile, 23 anos. O relacionamento dela com a avó Maria Alice Cordeiro Mendes Dias, 78, é tão bom que elas até decidiram morar juntas.

“Depois que meu avô faleceu, minha avó continuou morando em Araraquara e pagava uma moça para dormir na casa dela para não ficar sozinha. Uma vez, ela falou que queria que eu fosse morar lá para fazer companhia para ela, mas eu respondi que era melhor ela vir para cá e, neste caso, eu moraria com ela”, conta.

De acordo com Daniela, a avó demorou um pouco para se despedir, mas resolveu aceitar o convite da neta, que saiu da casa dos pais para morar apenas com ela. “A convivência dá certo porque somos muito parecidas e sempre fomos muito próximas, ainda mais porque eu passei seis meses na casa dela quando meu avô estava doente, ajudando com os cuidados dele”, explica.

A diferença de idade, assim, não prejudica o relacionamento delas. “Temos nossas diferenças. Ela tem as manias dela, de pessoa mais velha, mas já acostumei. E ela também não liga de eu sair para a balada, por exemplo”.

A própria avó confirma. “Nosso convívio dá certo porque ela é cordata e eu não sou retrógrada. Como a mãe dela está sempre aqui, não precisaria me dar satisfação de nada, mas faz sempre questão de avisar quando está saindo e quando está chegando. Minha filha educou ela e a irmã muito bem. Mas, para acompanhar esse jeito dos jovens, tem que ter cabeça aberta”, afirma.

Para Maria Alice, a neta se parece muito com ela porque é bastante decidida e corajosa e garante que ela mesma aprende muita coisa, todos os dias, com Daniela. Por sua vez, a neta a admira por ajudar tanto os outros e por ter coragem de dizer sempre o que pensa.

Almoço descontraído

A estudante Giovanna Luiz Carvalho, 20, e sua avó, Theodolinda Lozano Grameiro, 77, também mantêm contato diário até hoje. Elas não moram juntas, como Daniela e Maria Alice, mas as duas casas ficam no mesmo terreno e, portanto, o encontro também é facilitado pela proximidade das residências.

Todos os dias, elas almoçam juntas, na maioria das vezes, com a mãe e uma das irmãs de Giovanna, Sandra e Gabriela. É nesse momento que as mulheres da família se, reúnem para conversar, trocar experiências e falar sobre a vida. “Tenho o privilégio de comer comida de vó todo dia”, comemora a estudante. A avó confirma que este é um momento de descontração em seu dia.

“O Almoço é sempre agradável. Mesmo quando estou mais chateada, é só ver elas que melhoro, elas são muito animadas”, garante. Giovanna conta que, além de conversar sobre o dia a dia, gosta de ouvir as histórias da avó. “É muito legal sentar e ouvir o que ela tem para contar. Ela tem uma humildade muito grande e faz eu me lembrar das nossas origens, de onde viemos. Ela criou os filhos praticamente sozinha e, por isso, admiro muito a força dela”, afirma.

Outro conselho da avó que ela faz questão de considerar sempre é não ficar parada. “Ela podia ficar dormindo o dia inteiro, mas sempre está fazendo alguma coisa e criando oportunidades para não ficar parada”, comenta. Para ela, os ensinamentos da avó fizeram muita diferença em sua criação.

“Ela participou ativamente da nossa educação e sempre foi mais rígida, com algumas coisas, como arrumar a cama, por exemplo. Minha mãe é mais mole. Se não fosse a avó, acho que seria um pouco mais largada”, opina.