Tanque Alemão

Tony Kroos foi o personagem da humilhação do Brasil

Foram necessários apenas 19 minutos para a Alemanha destruir o Brasil ontem no Mineirão e enfiar um saco de sete gols. O massacre começou aos 10 minutos. A arma principal dos alemães foi Tony Kroos, que parecia um tanque Panzer, auxiliado pelas falhas brasileiras, tanto no ataque quanto na defesa. Primeira falha cometida por Marcelo, quando o Brasil estava no ataque. Ele permitiu contra-ataque aos 9 minutos. A bola foi desviada para escanteio, mas Kroos cobrou com perfeição para Muller na pequena área fazer o primeiro. Sem chance de defesa para Júlio César. A torcida não acreditava. E ia viver um pesadelo nos 19 minutos seguintes. Porque a Alemanha fez um gol atrás do outro, quando, como e onde quis.

Em quase todos, Kroos estava presente, como protagonista ou coadjuvante. Aos 22 minutos, novo ataque alemão: Miroslav Klose chutou duas vezes e fez o segundo com sabor especial. O veterano atacante alemão acabara de bater o recorde de gols marcados em Copas do Mundo, que pertencia ao brasileiro Ronaldo. Com 16 gols, Klose agora é o maior artilheiro de todas as Copas do Mundo. Mas ninguém teve muito tempo de pensar em estatísticas de artilheiros, porque dois minutos depois Kroos apareceu novamente na entrada da área para chutar forte sem chances para Júlio César. Era o terceiro e o desenho da goleada. O Brasil começava a se lembrar de dois vexames: de 1950 contra o Uruguai e de 1998 contra a França.

A Alemanha vencia, convencia, dominava e apavorava: o Brasil estava mais perdido que cego em tiroteio numa noite sem lua. Um minuto depois do terceiro, Kroos roubou a bola de Fernandinho, tocou para Khedira e recebeu de volta para ampliar. O que era goleada começava a virar humilhação. Uma humilhação que ficou ainda mais humilhante aos 29 minutos, quando Khedira, num contra-ataque fulminante, fez o quinto. No Mineirão, enquanto alguns torcedores choravam desesperados, outros gritavam olé. No banco de reservas o técnico Felipão não acreditava no que via – o maior desastre de sua carreira. Não era qualquer partida, era a maior derrota do Brasil em Copas do Mundo. Em casa.

No segundo tempo, o vareio continuou. Apesar de aliviar a pressão e o Brasil ter chances defendidas pelo goleiro alemão Neuer, foi a Alemanha quem chegou mais duas vezes através de Schuerrle. A Alemanha continuou tendo chances, mas Oscar fez o gol de honra nos minutos finais. Foi o maior chocolate que o Brasil levou em sua história em Copas: 7×1. Mais um trauma jogando Copa em casa. Pela segunda vez. E agora mais humilhante. Vai precisar de muito tempo para lamber as feridas.