Lenda Viva

Roberto Costa era inacreditável e tinha até apelido por isso

Quando chegou ao Atlético em 1977, com 25 anos, vindo de Criciúma onde ele jogava pelo Comerciário, ele era apenas Roberto. E foi assim até ir jogar no Vasco da Gama, no Rio de Janeiro. O goleiro passou a ser conhecido como Roberto Costa depois de 1983 quando foi jogar com outro Roberto, o Dinamite. Para diferenciar um de outro, o Costa passou a fazer parte do nome do goleiro. E a carreira de Roberto demorou a emplacar. A estrela começou a brilhar nos anos 80. E ele caiu no gosto da torcida.

Torcida que apelidou o goleiro de Mão de Anjo por causa de algumas defesas milagrosas, muitas delas com os pés. Na realidade, principalmente no ano de 1983, Roberto fez uma série de partidas antológicas com a camisa do rubro negro. Mas três estão no topo. Naquele ano, o goleiro se recorda da partida contra o São Paulo pelas quartas de final do Brasileiro. “Eu acho que esta foi uma das melhores partidas que eu fiz com a camisa do Atlético. Havíamos vencido a primeira partida em Curitiba no dia 4 de maio por 2×1. Na viagem para São Paulo para o segundo jogo nós fomos lendo os jornais paulistas. Todos davam como certa a classificação do São Paulo, que brigava por uma vitória simples. Mas o nosso técnico, o seu Hélio Alves, usou muito isso psicologicamente a nosso favor. Eu fiz uma das melhores apresentações de minha vida. E nós ganhamos de 1×0, gol do Assis, aos 30 minutos do segundo tempo”. E o Atlético se classificou para a semifinal contra o Flamengo.

No jogo contra o São Paulo, Roberto fez o que ele considera uma das melhores defesas de sua carreira: “Eu considero duas defesas inesquecíveis na minha carreira. A primeira foi esta no jogo contra o São Paulo. Careca chutou e eu tirei de calcanhar. Todo mundo achou bacana, mas eu não fiz aquilo intencionalmente. Acontece que eu achei que o juiz tinha marcado impedimento e ele não marcou e o jogo prosseguiu normalmente. Eu fui para a bola sem a pressão de fazer uma defesa”, diz ele. Como a bola não entrou, valeu o que a torcida viu. Outra defesa antológica foi no jogo contra o Flamengo, no Maracanã, noite de 12 de maio de 1983, primeira partida pela semifinal do Brasileirão daquele ano.

“Era o primeiro tempo e o jogo já estava 1×0 para o Flamengo, gol de cabeça de Zico. O Flamengo veio tocando do meio campo e entrou na área. Zico ficou cara a cara comigo dentro da área e chutou forte e fiz a defesa espalmando para escanteio’, diz Roberto que neste jogo fez pelo menos mais uma defesa sensacional no segundo tempo, quando o Flamengo atacou pela direita, entrou na pequena área e ele fechou o ângulo e defendeu para escanteio. Além destes dois jogos, “nos quais eu fiz grandes defesas, tem também uma cabeçada do Leandro no segundo jogo contra o Flamengo em Curitiba”, quando o Atlético ganhou por 2×0.

Esta segunda partida foi disputada dia 15 de maio, domingo, no Couto Pereira, é considerada um dos jogos mais emocionantes da história do Atlético. O rubro-negro jogou muito, ganhou, mas não ficou com a vaga para a final do Campeonato Brasileiro daquele ano, que acabou vencido pelo Flamengo numa final contra o Santos. “Nós precisávamos apenas de mais um gol para irmos à final. E não conseguimos. Eu acho esta uma das maiores tristezas que eu tive no futebol”, confessa Roberto.

Duas passagens

“Eu tive duas passagens pelo Atlético: a primeira foi de 1978 a 1983, quando fui bicampeão estadual e terceiro lugar no Brasileiro de 1983, ano em que fui eleito o melhor jogador do Brasil. E teve uma segunda, quando eu voltei em 1986 e fiquei no ano seguinte, mas não com o mesmo sucesso que eu obtive nos anos anteriores”.

No Coxa

Em 1981, Roberto teve passagem rápida pelo Coritiba. Para disputar a Taça de Prata daquele ano, “já que o Atlético não iria disputar nenhuma competição. Fiquei três meses e voltei logo em seguida”. Ele foi considerado o goleiro menos vazado do Campeonato Brasileiro daquele ano.

Salão de festas

O adversário preferido do goleiro Rober,to Costa no Paraná era o Coritiba: “Em 82 e 83 nós ganhávamos a hora que a gente queria. Eu nunca tive medo de jogar contra eles, eu sempre gostava, era o melhor do jogo. Sempre foram as melhores partidas que eu fiz, eu me destacava e sempre ganhava prêmio. Para nós, naquele tempo, o Couto Pereira era um salão de festas. Porque quando a gente jogava era uma grande festa”.

Treinador

Arquivo

“Depois que parei com o futebol profissional, eu fui jogador e treinador do amador em Curitiba. Depois fui treinador de goleiros, aqui no Brasil e na Arábia (foto), quando eu fui levado pelo Lori Sandri. Fui treinador também em Tocantins, em 2006. E, depois, em 2008 em Foz do Iguaçu.”

Um baita time

Mas aquele time de 1983 deixou saudades: “Era um time muito unido, não só dentro de campo, como também fora. Tínhamos uma amizade muito grande, tínhamos um dos melhores preparadores físicos do Brasil, iniciando a sua carreira, que era o Carlinhos Neves. E vieram jogadores já em 1982, para disputar o Campeonato Paranaense, de grandes equipes, todos querendo mostrar o seu potencial, como o Washington e o Assis, do Inter, Capitão do Guarani, Jorge Luiz e Lino, do Flamengo, o Jair Gonçalves e o Sóter do Palmeiras, o Sérgio Moura do Botafogo. Este pessoal se juntou àquele que já estava no clube e deu um entrosamento muito bom, que acabou resultando naquela campanha fantástica”.

Atleticano

Embora tenha jogado no Santos e seja santista, Roberto não hesita em confessar: “Sou santista de nascimento, mas sou atleticano por tudo o que o Atlético me proporcionou na carreira”.

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