Até quando?

Neymar leva o time nas costas, mas seleção precisa mais

Ele corre, dribla, chuta, cobra escanteio, cobra faltas, cobra pênaltis, escora de cabeça e como não bastasse, ele faz gols. Já foram quatro. O resto parece um bando de meros coadjuvantes atrapalhados. Um se destaca numa partida e some em outra. Estou falando dele, do craque, do cara, de Neymar. De cabelo moicano, careca, loiro ou moreno, ele vem dando conta do recado. Mas como ninguém é perfeito, o dia que Neymar falhar o Brasil está perdido. No jogo de ontem contra Camarões, seleção desclassificada e em frangalhos, mais uma vez Neymar fez: dois gols – o primeiro quando o jogo mal começava e o segundo quando os africanos, depois de empatarem, começavam a gostar da partida. E quando saiu, depois de entrada violenta de um camaronês, a coisa estava encaminhada.

Tudo bem. O Brasil fez mais dois. Mas chegou num momento da partida que, embora o Brasil ganhasse por 3×1, a torcida ficou apreensiva. O México fazia um gol atrás do outro na Arena Pernambuco em cima da Croácia. Eram três e mais um ou se os camaroneses engatassem um contra-ataque mortal, o Brasil corria o risco de pegar a temida Holanda e não os agora temidos chilenos. Os primeiros são carne de pescoço e os segundos, que até ontem tinham fama de fregueses, parecem agora querer jogar esta fama no lixo. O Brasil marcou o quarto com Fernandinho e a Croácia diminuiu: o Brasil correu mais tranquilo em campo. Vai pegar o Chile, sábado, no Mineirão. Não é fácil, principalmente porque o time de Felipão tem dependência aguda de Neymar. No primeiro jogo contra a Croácia, Oscar jogou barbaridade. Só ficou no primeiro jogo. Neymar jogou bem nos três.

O ataque brasileiro, tirando Neymar, não engata. Fred deixou o bigode crescer e ontem até fez um gol – o terceiro. Mas está devendo. O Brasil precisa de seu futebol matador. Hulk correu, perdeu gol na cara do goleiro, mas não é sombra daquele que assustou os adversários na fase preparatória. A comparação deste time de Felipão com o de 2002 é inevitável. Na Copa do Japão e Coreia o técnico também não tinha o time armado. Foi armando pelo caminho. Mas, naquela época, ele tinha craques do nível de Rivaldo, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e um sujeito que deixou o banco e se encaixou a perfeição no time: Kleberson. O time de 2014 só tem um nome: Neymar. É pouco para ir longe. Outros times, e ainda nem podemos dizer que são favoritos, funcionam como máquina: Holanda, França, Colômbia, Costa Rica e até a Bélgica. O Brasil, ainda, parece uma charanga.

Nem citei a Argentina porque embora os hermanos tenham ganhado as duas partidas, sofrem do mal que afeta o Brasil: dependência excessiva de um jogador. No caso deles, de Messi. O Brasil tem pouco tempo para encontrar uma formação matadora e que não passe tanto susto, erre tantos passes, entre outros defeitos que a classificação para as oitavas de final não consegue encobrir.