Ex-centroavante Washington sofre de doença incurável

Washington César Santos, o atacante Washington, mora em Curitiba. Os amigos dizem que ele não quer ser fotografado ou entrevistado. Desejo dele e da família. Ele fala com dificuldade e quando fala, não fala muito. Ou seja, qualquer entrevista seria um sofrimento e com pouco resultado prático. O atacante sofre há alguns anos de doença incurável chamada Esclerose Lateral Amiotrófica, conhecida pela sigla ELA. A enfermidade também é chamada de doença de Lou Gehrig ou de Charcot. Trata-se do mesmo mal que afeta o físico inglês Stephen Hawking.

A enfermidade é degenerativa e atinge as células do sistema nervoso central, prejudicando movimentos, fala e sistema respiratório. Em uma de suas últimas fotos, Washington aparece com expressão envelhecida. Para se locomover, precisa de cadeira de rodas. Há um ano a Tribuna entrevistou Assis e perguntou sobre a sua relação atual com o ex-companheiro, ele disse: “Quando eu vou lá, fico relembrando nossas histórias e ele ri. Mas eu acho que ele não gostaria de ser fotografado assim, sem contar que pode falar pouco e quando fala não pode falar muito. Põe uma foto dele dos bons tempos. Acho que ele vai gostar”, disse Assis.

Entre os clubes pelos quais Washington passou – Atlético Paranaense, Fluminense, Internacional e Corinthians, para ficar nos principais, além da Seleção Brasileira – o tricolor carioca ajuda o ex-ídolo. Uma iniciativa, através da Unimed, que tem ligações e patrocina o clube, foi instalar há dois anos uma pequena UTI e disponibilizar enfermeira para atendê-lo. O Atlético também deu apoio financeiro ao tratamento de seu ex-atacante. Os dois clubes, Atlético e Fluminense, transformaram o jogo de 15 de novembro de 2009, pelo Brasileiro, no Dia de Washington. Washington faz sessões de fisioterapia e recebia medicamentos do governo do Paraná, depois que entrou com ação na Justiça. Em uma de suas últimas entrevistas feita há mais de três anos ele disse que gostaria de se recuperar da doença, “de cabeça erguida e sem passar a imagem de coitado”. Quem escreveu a história no futebol como ele fez, nunca será coitado. Velhos torcedores do tricolor do Rio de Janeiro ainda hoje recordam o grito de guerra no Maracanã. Toda vez que tinha escanteio, o grito era um só: “Ão, ão, ão, na cabeça do negão…”. Com seus 1m88 e grande impulsão, Washington era o terror dos zagueiros. Coitados eram eles – os zagueiros.

Trajetória

A carreira de Washington começou em 1980 no Galícia, de Salvador. Ele foi treinado por Aymoré Moreira (comandante do Brasil no bicampeonato mundial no Chile), que o indicou para o Corinthians. Depois ele foi para o Operário de Campo e em seguida para o Internacional.

Primeiro jogo

Arquivo

A estreia de Washington aconteceu num amistoso contra o Criciúma, na Baixada, na noite de 6 de abril de 1982, um empate em 2×2. O jogo não foi lá grande coisa.

Apelido fica

Arquivo

O apelido Casal 20, dado a Washington e Assis quando a dupla esteve no Atlético Paranaense foi mantido quando os dois foram para o Fluminense.