Craque Pelé colocou Nilo em campo pela Seleção Brasileira

O Paraná, depois da Copa de 1950, não teve nenhum jogador convocado para a Seleção Brasileira. O primeiro, depois dos anos 40, foi o lateral esquerdo do Coritiba: Nilo. O que era para ser um episódio consagrador, virou intriga. O técnico era Aymoré Moreira e Osvaldo Brandão era da comissão técnica. Nilo seria o lateral esquerdo do Brasil no jogo contra o Coritiba, no dia 13 de novembro de 1968. O Coritiba representaria o Paraná.

Mas a coisa azedou. Evangelino Costa Neves queria Nilo entrando com a camisa do Coritiba para receber a faixa de campeão paranaense. Então, depois, ele voltaria para o vestiário, para tirar a camisa do Coritiba e colocar a do Brasil e entrar para o jogo. Osvaldo Brandão achou estranho escalar um jogador – Paulo Henrique – só para colocar as faixas nos jogadores do Coritiba e depois mandar o rapaz para o banco. Além disso, como Nilo era paranaense, a imprensa praticamente ignorou o resto da delegação nacional e só queria falar dele. Aquilo gerou ciumeira na comissão técnica. E como Osvaldo Brandão era turrão, ele foi contra a ideia de Evangelino. Ele disse que não ia expor Paulo Henrique, lateral esquerdo do Flamengo, jogador de renome, numa situação humilhante.

“O Evangelino queria as coisas do jeito dele”, diz Nilo. E o lateral esquerdo entrou com a camisa do Coritiba, recebeu a faixa de campeão, foi para o vestiário e colocou a camisa da Seleção. Mas quando voltou para o campo, ele foi para o banco de reservas. E ficou lá. Claro que ficou chateado. Não era toda hora que um paranaense, ainda que fosse gaúcho de Porto Alegre, era convocado para a Seleção.

Terminou o primeiro tempo e começou o segundo e a torcida passou a pedir a presença de Nilo em campo pela Seleção. Aymoré Moreira não fez nada para não contrariar Osvaldo Brandão, que fechou a cara e ignorou os pedidos da torcida. Até que chegou uma hora que Pelé, que não era bobo, nem nada, e sentiu o clima da torcida, foi para o banco e disse para Aymoré Moreira: “Ô Aymoré, que é isso? O rapaz está na cidade dele. A torcida está pedindo. Põe o rapaz para jogar, caramba”, revela Nilo. Aymoré sabia que a voz do povo era a voz de Deus e botou Nilo em campo.