Como treinador, Nilo revelou o goleiro Rogério Ceni

Como treinador Nilo foi responsável por revelar um dos maiores nomes e também um dos mais polêmicos goleiros do futebol brasileiro dos últimos 25 anos: Rogério Ceni era o terceiro goleiro do Sinop, tinha 17 anos e o clube disputava o campeonato do Mato Grosso com chance de ser campeão. Chegando nas partidas finais, Nilo precisou escalar outro goleiro. “Eu disse que ia escalar o Rogério Ceni. A diretoria ficou sabendo e me chamou. Eu pensei que fosse para discutir qualquer outro assunto. Mas eles perguntaram: Você vai escalar o Rogério Ceni? Eu respondi: Vou. Tem certeza? Eu respondi: Tenho. Eles disseram: Tudo bem, mas se o time perder você esta despedido”. O episódio aconteceu em 1990.

Foi nesse clima que se deu a estréia de Rogério Ceni no futebol profissional pelo Sinop do Mato Grosso. “Começa o jogo, jogo duro, o centroavante deles cai na área em cima de nosso zagueiro. Era o que o juiz mal intencionado, queria. Ele deu pênalti. Eu pensei: Pronto, estou demitido. Mas o atacante foi lá bateu e o Rogério Ceni pegou o pênalti. Pegou o pênalti e tudo mais a que tinha direito. Ele acabou com a partida. Empatamos o jogo e fomos campeões com ele no gol. Isto foi em 1990. Depois o pessoal do Sinop saiu dizendo nosso Rogério Ceni pra lá, nosso Rogério Ceni pra cá. O Rogério lembra a história até hoje. Ele disse: Quem apostou em mim foi o nosso treinador, o Nilo. O Rogério me mandou camisa dele, sempre que pode ele fala comigo”, diz ele.

E aquela foi a primeira vez que um time do interior ganhou um título estadual no Mato Grosso. A partir daí, Nilo virou figurinha carimbada entre os treinadores do estado. Ele dirigiu outros times como Barra do Garça, Sorriso, União de Rondonópolis, time que em 1993 foi campeão do equivalente a Serie C do Campeonato Brasileiro hoje. Foi o primeiro título nacional de um clube do Mato Grosso.

Tim, Ênio Andrade e outros técnicos

Nilo começou a carreira de técnico no Palmeiras de Blumenau, quando foi emprestado para o time catarinense em 1976. O técnico Silvio Pirilo foi embora e Nilo assumiu. Terminou o campeonato, ele voltou para o Coxa e encerrou a carreira como jogador de futebol. A próxima carreira seria a de técnico. Que foi facilitada pelo convívio com grandes técnicos durante a carreira de jogador. “O primeiro de todos foi o Tim. O Ênio Andrade foi meu técnico no São José. Ele também sabia tudo. O Armando Renganeschi era outro muito bom. O Francisco Sarno, também. E Filpo Nuñes. Mas se fosse escolher dois, as duas feras foram o Tim e o Ênio Andrade”, diz Nilo.

O lateral lembra duas boas histórias do velho Tim. “Certa vez eu passava por uma fase ruim. Não estava jogando bem. E a gente ia enfrentar o Botafogo. O Tim andava meio distante. E me escalou. Não sei o que aconteceu, eu entrei e arrebentei com o jogo. Fui escolhido o melhor em campo. Todo mundo elogiando. No vestiário chegaram o Luiz Afonso e o Evangelino Neves me dando parabéns, dizendo que eu arrebentei com a partida, estas coisas. O Tim chegou por trás deles, rindo, se apoiou no ombro dos dois e começou a provocar. E aí, o que vocês acham? Eu devo ou não devo escalar este moço para o jogo de hoje? Eu não sabia o que estava acontecendo, mas tanto o Evangelino quanto o Luiz Afonso ficaram meio sem graça com o Tim. E ele continuou, apontando para os dois: Sabe, Nilo, estes dois aqui vieram me encher a cabeça que não era para escalar você no jogo de hoje. Agora eu estou querendo saber deles se fiz certo ou não”, conta Nilo. Resumo da história, Evangelino e Luiz Afonso se afastam vermelhos de vergonha. Só um técnico como Tim para fazer aquilo.