TRANSPORTE

Polícia cobra câmeras nos ônibus para evitar assédio sexual

Foto: Gerson Klaina.

Enquanto não há previsão para instalação de câmeras nos ônibus de Curitiba , o que é lei na cidade, os assédios nos coletivos da cidade, que poderiam diminuir com o monitoramento, precisam ser resolvidos com outras estratégias. Segundo a delegada Sâmia Coser, titular da Delegacia da Mulher da capital, as câmeras seriam sinônimo de provas incontestáveis de que o assédio aconteceu. Mas, como o equipamento ainda não existe dentro dos coletivos da capital, o melhor meio de fazer com que o agressor seja punido é denunciar o ato na hora, mantendo-o dentro do veículo até a chegada das autoridades.

Essa é a alternativa mais indicada porque, em muitas vezes, as pessoas e as testemunhas veem o rosto do agressor por frações de segundo e não conseguem descrevê-lo depois para fazer um retrato falado, por exemplo. Dessa forma, a delegada explica que o mais certo é impedir a saída do agressor do veículo para que a polícia consiga levá-lo direto para a delegacia. Nessas situações, as câmeras nos ônibus, segundo Sâmia, seriam fundamentais, ajudando a identificar o agressor: “Com a imagem, é possível ter provas cabais, incontestáveis, de que o crime aconteceu, de que o autor tinha fins lascivos, sim”.

Conforme a delegada, denunciar na hora também aumenta as possibilidades de haverem testemunhas do ocorrido, o que pode ser crucial para o julgamento do agressor. “Teve um caso que atendi que uma testemunha quis ir com a vítima dentro da viatura, para prestar o depoimento na delegacia. Elas nem se conheciam e essa prova com certeza será fundamental para a decisão do juiz sobre o ato”, lembra.

Como agir

Mesmo que a ação do agressor seja silenciosa, é importante que a vítima chame a atenção dos outros passageiros para o que está acontecendo. Questionar a proximidade em voz alta, como exemplifica Sâmia, pode ser a garantia de que outros passageiros percebam o fato e atuem como testemunhas. Ou mesmo para que possam ajudar a impedir a saída do agressor do veículo até a chegada da Guarda Municipal, que é quem atende a chamados como esse.

Um exemplo de que essa estratégia pode funcionar é um caso do dia 13 de setembro, em que uma passageira, que estava sendo assediada no expresso da linha Pinhais-Campo Comprido, chamou a atenção do motorista do ônibus. O condutor, então, chamou as autoridades e permaneceu com o veículo parado e de portas fechadas até que a Guarda Municipal estivesse presente.

Quem presenciar cenas de abusos em ônibus com terceiros também pode ajudar. A orientação da delegada é também que o passageiro entre em contato com a Guarda o quanto antes. “Mesmo que a pessoa não queira se envolver diretamente com o agressor e a vítima, pode denunciar. A Guarda tem feito ações de abordagem nos ônibus com viaturas, e isso tem funcionado”, instrui Sâmia. Após a chegada dos guardas, é registrado um boletim de ocorrência no próprio local.