A cronista da tricentenária Castro

Da antiga Sesmaria do Iapó, depois Sant’Ana do Iapó, a Castro que já foi capital do Estado, por curto período, é verdade, chega ao Centro de Letras do Paraná, semanalmente um jornal que circula, gratuitamente, em dez cidades dos Campos Gerais, denominado "Página Um", que se vangloria em ser "A notícia no tempo certo".

Envia-o, sempre com um bilhete carinhoso, a escritora Idalina Bueno de Magalhães, que recentemente lançou, com grande sucesso, "Crônicas de Ontem e de Hoje", autora que é de dois opúsculos e cinco livros.

Dedilhando-o encantei-me com a diversidade de temas abordados, apreciador que sou da boa literatura, cronista como também pretendo ser.

"Quão grande é Deus" é prece que encanta, quase homilia, a enaltecer o Criador, de onde tudo provém, bastando este trecho revelador: "Tenho comigo um livro, mas não o leio. É que, aberto diante de mim, vejo outro mais belo e sempre novo, cheio de encantos, de ensinamentos sublimes, cuja leitura nunca enfastia. Esse livro imenso é a natureza e eu me absorvo toda nela".

Em "Natal", exalta a festa máxima da Cristandade: "Nasceu Jesus! Fazei que retorne, ó Deus Salvador, ao mundo revolto, a paz e o amor, e fulja entre nós, vosso reino de luz".

Relembra, homenageando, figuras emblemáticas como o "médico – sacerdote", Mário Braga de Abreu, o "bisturi de ouro", o escritor Dalton Trevisan, a poetisa Vera Vargas, a excepcional Rosy Pinheiro Lima, entre outros, não se olvidando dos vultos castrenses, como o maestro Bento Mossurunga e José Pedro Novaes Rosas, este também literato, da grei udenista, atuante prefeito municipal.

Mas, obviamente, Castro é o centro de seu escrito, dedicando magnífico soneto, que enseja transcrito:

"Terra adorada!

Poema de doçura

Em que eu nasci num dia de São João.

É um templo milagroso de ternura,

Que, em ternura, me envolve o coração.

Remoça, dia a dia, tão segura

De sua irresistível sedução!

Que o poeta ressuscita na ventura

De exaltá-la na sua perfeição.

Amo esta terra que cresceu sorrindo,

Que remoçou, que tem o encanto infindo,

De uma tarde risonha de verão…

Mas a saudade o peito me espezinha,

Da roceira e gentil cidadezinha,

E que eu nasci num dia de São João…"

Esta é a obra da Idalina Bueno de Magalhães, de leitura agradável, que veio à lume modestamente, bem ao estilo de sua autora, mas que enriquecerá, sem dúvida alguma, nossas bibliotecas.

Luís Renato Pedrosodesembargador jubilado, presidente do Centro de Letras do Paraná.

Voltar ao topo