Sai Barbieri e entra Caio Jr, que brilhou jogando no Paraná

Caio Júnior é o novo técnico do Paraná Clube. Ao melhor estilo ?rei morto, rei posto?, a diretoria contratou, no início da noite, o substituto de Luiz Carlos Barbieri. A estratégia não é novidade no Tricolor. Em recentes trocas de comando, o clube tem evitado deixar o ?barco correr? por muito tempo. No ano passado, Barbieri chegou assim que Lori Sandri se desligou. Agora, a aposta é em um técnico da nova geração, identificado com o Paraná e com amplo conhecimento do atual elenco tricolor.

Luiz Carlos Saroli, 41 anos, já comandou o Tricolor em momentos difíceis e agora tem a missão de dar seguimento ao processo de resgate do clube, no embalo do título paranaense. ?É uma forma de repararmos um deslize do passado?, lembrou o vice de futebol José Domingos. Caio Júnior foi demitido do Paraná, em 2003, após a fracassada campanha no estadual.

?O time, naquele início de temporada, era muito fraco. Acredito que o Caio tem tudo para fazer um grande trabalho e crescer junto com o clube?, disse Domingos.

Naquele estadual, Caio Júnior comandou o Tricolor em 23 jogos, com aproveitamento de 47,83% (9 vitórias, 6 empates e 8 derrotas). Na temporada anterior, o então auxiliar-técnico assumiu a direção do time no Brasileiro, após a demissão de Otacílio Gonçalves, e foi um dos responsáveis pela permanência do Paraná na primeira divisão. ?O Caio foi muito bem num momento delicado. Mostrou comando e por isso seu nome foi lembrado nesse momento?, explicou José Domingos.

A diretoria, assim que a saída de Barbieri se confirmou, mostrou a intenção de acertar com um técnico que residisse em Curitiba.

Nomes como Paulo Bonamigo, Cuca e Gilson Kleina foram ventilados, mas a opção por Caio Júnior se confirmou à noite, com o acordo sendo selado num jantar. Após se desligar do Gama, ano passado, Caio Júnior voltou a trabalhar na imprensa, como comentarista da Rádio Banda B, além de comandar uma escolinha de futebol (que leva o seu nome) e de ser o coordenador técnico do Trieste. O desejo de alcançar projeção como técnico de futebol falou mais alto.

Os ajustes finais do contrato – como tempo de duração e valores – ocorreram mais tarde e ainda hoje Caio Júnior já deve ser apresentado ao elenco e iniciar os preparativos para a largada do Brasileiro, sábado, contra o Juventude, em Caxias do Sul. ?Como ele conhece todos os integrantes da comissão técnica, não haverá dificuldades de adaptação?, disse José Domingos. O restante da comissão técnica permanecerá a mesma, com Marcos Walczak (preparador físico), Renato Secco (treinador de goleiros) e Júlio César Camargo (auxiliar-técnico).

Barbieri surpreende e deixa o Paraná após o título

O fim do jejum de títulos marcou também o término de uma ?era?. Menos de 24 horas depois de levantar o troféu de campeão paranaense, o técnico Luiz Carlos Barbieri oficializou o seu desligamento. Foi evasivo ao ser indagado sobre os motivos de tal decisão, disse não ter tido divergências com o grupo ou a diretoria e que nem chegou a discutir valores para uma possível renovação de contrato. O treinador afirmou ter tomado a decisão há semanas e só não ?abriu o jogo? para não desmobilizar o grupo na fase decisiva do estadual. Mesmo não tendo confirmado, Barbieri teria ofertas de equipes da Série B e até uma sondagem do mundo árabe.

Paraná-Online: Você surpreendeu a torcida com essa decisão. O que te motivou a deixar o Paraná?
Barbieri: É uma posição que eu tinha tomando antes do jogo contra o Rio Branco, lá em Paranaguá. Só que eu não podia tornar isso público, senão não teria como conduzir o grupo ao objetivo maior que era o título. Continuei trabalhando focado nessa meta e a entrega dos jogadores foi coroada de êxito com a conquista do Paranaense, tão necessária para o clube.

Paraná-Online: Houve algum problema interno que te levou a deixar o clube?
Barbieri: Não. Não houve problema algum. Foi uma decisão pessoal. Uma atitude minha. Achei que era bom mudar de ares, esfriar a cabeça. O Paraná vive um grande momento e fará, tenho certeza, um grande Campeonato Brasileiro. O grupo está imbuído nisso e torço para que aconteça. O Paraná é um clube grande, de tradição e que assim que voltar para a Vila vai engrandecer ainda mais.

Paraná-Online: Não houve chance nem para uma proposta financeira?
Barbieri: Nem falamos em números. Cheguei com a posição tomada. Só comuniquei o presidente, que até tentou fazer com que eu mudasse de idéia, mas disse que não queria ouvir proposta, como também não fiz proposta. O Miranda acatou minha decisão e tenho que dizer o quanto respeito o presidente. Nunca conheci um dirigente tão digno como o Miranda. Só tenho que agradecer. Nesses sete meses, ficamos em 7.º lugar no Brasileiro, garantindo vaga na Sul-Americana, recolocamos o Paraná na Copa do Brasil e o título. As coisas estão bem encaminhadas e o clube voltou a ser destaque como não deveria ter deixado de ser, pois o Paraná, com a sua grandeza, não pode ficar tanto tempo sem ganhar campeonato.

Paraná-Online: É uma situação curiosa. Um técnico campeão só sai por problema financeiro, de relacionamento ou proposta de outro clube. Nenhuma dessas opções é válida?
Barbieri: Nenhuma. Nunca tive problema de relacionamento aqui dentro. Trato e sou tratado com respeito por todos. Sempre tive autonomia para fazer o meu trabalho. Não foi problema financeiro. Foi uma questão pessoal. Decidi sair. Dar seguimento em minha profissão em outro local. Continuar evoluindo, crescendo, pois sei que ainda tenho muito o que aprender. Sou um cara feliz e realizado, pois num curto espaço de tempo, em pouco mais de três anos como treinador já tenho dois títulos. É um sinal daquilo que eu sou capaz.

De mansinho se consagrou

Como um bom ?mineirinho?, ele chegou com calma, comendo pelas beiradas. Nunca foi de prometer gols, mas balançou as redes 11 vezes no Campeonato Paranaense e não fosse a falta de ritmo nas rodadas iniciais, poderia ter brigado de forma direta pela artilharia da competição com Leandro, do Iraty. Nada que tire a tranqüilidade de Leonardo, que não esconde a satisfação pela volta por cima em sua carreira, depois de um momento ruim, quando ficou mais de um ano afastado dos gramados por conta de duas cirurgias no tornozelo.

Quem vê Leonardo no dia-a-dia ou em campo não imagina que o jogador teve sua carreira posta em xeque. Com um sorriso sempre aberto, o atacante não demorou a conquistar o respeito e a amizade do grupo. ?Minha adaptação foi rápida. Só demorei mesmo pra entrar em forma. Acho até que os dirigentes devem ter torcido o nariz depois dos primeiros treinos que fiz aqui. Fui muito mal. Estava pesado, sem ritmo?, lembrou o jogador. Léo, na verdade, acredita que só depois da sexta rodada é que conseguiu produzir um bom futebol.

?Fiz até aquele gol contra o Coritiba, no primeiro clássico. Mas, estava completamente fora de ritmo?. Leonardo chegou ao Paraná depois de quase um ano e dois meses sem jogar. ?Até atuei pelo Vitória nas últimas rodadas da Série B, mas foi muito pouco, quase não dá pra contar?, lembra. Se a longa inatividade era um problema, Leonardo termina o Paranaense como o único jogador a disputar todos os vinte jogos do Tricolor na temporada. ?Isso vale muito pra mim?, garante. Apesar dos momentos difíceis no ano passado, Leonardo diz nunca ter pensado em abandonar a carreira.

?O mais difícil era ver o sentimento de dó no rosto dos companheiros. É duro tentar voltar e não conseguir, deixar o gramado chorando?, lembrou. Isso sem contar os vários meses sem receber, encostado no INSS. ?Ter vindo para o Paraná foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos. Sou grato ao Vavá, que apostou em mim e investiu na minha contratação?, disse o goleador.

O título conquistado domingo foi o segundo de sua carreira. Antes disso, havia sido campeão baiano pelo Vitória, em 2004. ?Nas categorias de base, passei em branco?, confirmou o jogador, que começou no Vila Nova, de Nova Lima. ?Contra Cruzeiro e Atlético só tomei laço. Enfrentava o Minhoca e o Léo, hoje destaques no Ipatinga, e eles sempre levavam a melhor. Jogam muito?, recordou. Agora, Leonardo uma das revelações do Tricolor vai ter a chance de um tira-teima com os ex-rivais, que estão acertando com o Flamengo.

Altos e baixos da campanha

O Paraná Clube fechou o Paranaense com aproveitamento de 66,67%. Algo que parecia pouco provável após a reação dos torcedores na quinta rodada da primeira fase. Naquele momento, o Tricolor totalizava apenas uma vitória (sofrida, sobre o Roma, logo na primeira rodada). O empate diante do Paranavaí (1×1), no dia 25 de janeiro, gerou protestos fortes da galera, que ameaçou invadir os vestiários, colocando em dúvida o trabalho desenvolvido pelo técnico Luiz Carlos Barbieri e a qualidade do elenco.

Para piorar, dentro de quatro dias o time voltaria a campo, no interior do estado, para encarar o ?bicho-papão? do estadual, a Adap. A volta por cima veio em grande estilo, uma vitória por 3×1, num jogo equilibrado. Em nada comparável ao melhor momento do Tricolor neste Paranaense. A vitória por 3×0, no primeiro jogo da decisão, em Maringá, foi o ponto alto do Tricolor no estadual. Com personalidade e segurança, o time de Barbieri mandou no jogo, não deixando a Adap passar da sua intermediária nos primeiros 25 minutos de partida.

A rigor, o Paraná fez três partidas próximas da perfeição. Em todas elas, conseguiu o clássico placar de 3×0. Isso ocorreu frente a Coritiba e Rio Branco, no Pinheirão, e diante do representante de Campo Mourão, no Willie Davids. Goleadas que ajudaram o Tricolor a fechar a competição com a defesa menos vazada e um dos ataques mais efetivos, confirmando o momento de sintonia, de equilíbrio do atual elenco paranista. (IC)

Diretoria quer qualidade

O zagueiro Edimilson, ex-Noroeste, deve ser apresentado amanhã. Este é apenas um dos reforços pretendidos pelo Tricolor para a disputa do Brasileirão. Experiente e com um chute forte em cobranças de faltas, o jogador já definiu bases salariais e vem a Curitiba para os exames médicos e assinatura de contrato. Quem também tem negociação avançada é o meia Gérson, do Mogi-Mirim.

O Paraná pretende armar um elenco com aproximadamente trinta jogadores, dando à comissão técnica opções em qualidade e quantidade. ?Estamos trabalhando. Nosso perfil não vai mudar. Queremos atletas com ambição e que venham nos ajudar a fazer um grande trabalho nesse Brasileiro?, disse o diretor de futebol Durval Lara Ribeiro.

Depois de ficar em 7.º lugar no ano passado, a meta, agora, é ir mais longe. ?Pensamos sempre na ponta de cima da tabela. A competição é dificílima, por isso precisamos qualificar o grupo?, explicou Vavá. O clube, até agora, apresentou Cuca e Aílton. Espera para os próximos dias o fim de uma disputa judicial envolvendo Joelson para poder inscrever o meia, que já tem contrato firmado com o Tricolor. Também nos próximos dias o volante Felipe Alves, da Adap, deve ser apresentado. O jogador só depende da liberação do time de Campo Mourão, com quem tem contrato até o fim do mês.

A diretoria também abriu conversações com o presidente da Adap, Adílson Batista, visando a contratação do meia Batista. O ala Ângelo também está sendo sondado. Na outra ponta das negociações, os dirigentes trabalham nas renovações de Rafael Muçamba e Neguete. ?Está tudo encaminhado. Agora que a festa do título já passou, vamos avançar nessas transações para fechar o grupo o quanto antes?, comentou o vice de futebol José Domingos.

Voltar ao topo