Crise

Couto Pereira: Atlético reage e diz que tem contrato assinado com o Coritiba

O Couto Pereira virou o pivô de uma crise entre as diretorias de Atlético e Coritiba. Foto: Albari Rosa

O Atlético jogou mais uma bomba na já confusa situação do jogo do dia 5 contra o Santos pela Copa Libertadores. Em nota oficial divulgada na tarde desta sexta-feira (23), a diretoria do Furacão afirmou haver um contrato com o Coritiba para a cessão do Couto Pereira desde 2015. E que não há “plano B”, que confia “na palavra do presidente Rogério Portugal Bacellar” para que o estádio alviverde seja o palco do jogo de ida das oitavas da final da competição continental.

Como a Tribuna contou na matéria sobre os bastidores da negativa do Coritiba, feita em nota divulgada no início da tarde, as diretorias de Coxa e Furacão vêm há dois anos em um relacionamento mais próximo. Mas não se sabia que havia um contrato em vigência – que teria sido usado pela primeira vez quando do show do cantor Rod Stewart, em 2015. Naquela oportunidade, o Atlético alugou a Arena para a apresentação e emprestou o Couto Pereira para o jogo contra o Grêmio, pelo Campeonato Brasileiro.

A nota do Furacão, assinada pelos conselhos Administrativo e Deliberativo, joga pimenta no caso do jogo da Libertadores e mina profundamente a relação entre os clubes. Além disso, deixa toda a responsabilidade da história em cima do presidente alviverde Rogério Bacellar, acusado nas entrelinhas de “não ter palavra”.

O Coritiba confirma a existência do contrato, mas diz que ele só valeu para o show de Rod Stewart, que ainda prevê outras possibilidades, mas que não é possível atender ao empréstimo em virtude da reforma do gramado.

Leia a nota oficial do Atlético:

O Atlético foi surpreendido por nota oficial do Coritiba, lançada hoje (23 de junho), anunciando a negativa de cessão do estádio Couto Pereira para a partida contra o Santos, pela Conmebol Libertadores Bridgestone.

A surpresa do Atlético se dá especialmente porque o Coritiba já havia cedido o estádio, diante de contrato assinado por seu próprio presidente, Rogério Portugal Bacellar.

Em setembro de 2015, os dois clubes firmaram contrato, por prazo indeterminado, de cessão recíproca de seus estádios. A ideia dos clubes era deixar os estádios disponíveis também para outros eventos que gerassem renda, sem risco de comprometer o calendário do futebol. O interesse era recíproco.

Acreditando no cumprimento do contrato assinado por parte do Coritiba, o Atlético comprometeu-se em receber os jogos das finais da Liga Mundial de Vôlei masculino. Havia o risco de conflito de agenda entre o Mundial de vôlei e algum jogo da Conmebol Libertadores Bridgestone – o que de fato depois se verificou. O risco de conflitos de agenda, importante insistir, estava assegurado com o contrato previamente firmado com o Coritiba.

Com a efetiva coincidência das datas, o Atlético (porque obviamente prefere jogar na própria Arena), tentou antes a alteração da data do jogo das oitavas de final. No entanto, a CONMEBOL oficiou o clube informando que não havia agenda para alteração de data e, no mesmo ofício, solicitou à CBF que buscasse junto ao Coritiba a cessão do estádio Couto Pereira. A solicitação da CONMEBOL, é claro, não era necessária, pois o contrato entre os clubes já previa a obrigatoriedade da cessão.

Com a recusa da CONMEBOL em alterar a data do jogo – e conforme previa o contrato entre os clubes –, o Atlético, em 19 de junho, comunicou o Coritiba que usaria o estádio Couto Pereira, pagando o valor pré-estabelecido no próprio contrato. Por mera liberalidade, ainda ofereceu um bônus financeiro. O Coritiba acusou o recebimento da comunicação, não opondo nenhuma resistência.

Importante lembrar que o mesmo contrato já tinha sido utilizado para que o Atlético realizasse o show do Rod Stewart, jogando com o Grêmio no Couto Pereira (pagando por isso, nos termos do contrato). E o mais importante: o Coritiba tem o mesmo direito contratual de utilizar-se da Arena sempre que tiver coincidência de datas no uso de seu próprio estádio.

O Atlético não tem nenhum “plano b”. O Atlético não teria se comprometido com agenda paralela se não houvesse o contrato com Coritiba. Presume-se a boa-fé das partes em cumprir os contratos que assinam.

Por tudo isso, o Atlético ainda acredita que o Coritiba não descumprirá o contrato assinado por seu próprio presidente. Há previsão de uma multa, sem prejuízo de perdas e danos, mas o Atlético acredita mesmo é na assinatura e na palavra do presidente do Coritiba, Rogério Portugal Bacellar.