Lei do silêncio

Após prometer briga por G6 e até título, diretoria do Coritiba some no pior momento do ano

Presidente Bacellar se cala diante de má fase e deixa nas mãos de Marcelo Oliveira as explicações. Foto: Albari Rosa

O Coritiba está vivendo seu pior momento na temporada. Em crise técnica, o Coxa não consegue ser regular durante um jogo inteiro sequer. Já são seis partidas sem vitória, a segunda pior campanha do segundo turno e a penúltima posição na classificação do Campeonato Brasileiro. Mesmo cada vez mais ameaçado pelo rebaixamento, a diretoria alviverde, que chegou a falar, no início do Brasileirão, que o clube brigaria por uma vaga no G6, até pelo título e que tinha um time recheado de craques, prefere agora adotar a lei do silêncio.

Na segunda-feira (25), a diretoria até se manifestou em uma carta aberta à torcida no site oficial, onde afirmou ter total confiança no atual elenco e que não irá fazer mudanças por conta do calor do momento. Mas a nota não foi assinada por nenhum dirigente, e sim pelo clube.

A última vez que o presidente Rogério Portugal Bacellar foi à sala de imprensa foi na metade de agosto, na apresentação do zagueiro Cléber Reis e do meia Rafael Longuine. Prestes a encerrar seu mandato à frente do Coritiba, o dirigente está vendo o clube, pelo terceiro ano seguido sob o seu comando, apenas brigar para não ser rebaixado.

Um vídeo, inclusive, está circulando nas redes sociais dando conta que, ao protestar, um torcedor teria quase sido atingido por uma lata de lixo vindo do camarote da diretoria coxa-branca durante a derrrota por 3×2 para o Botafogo, no Couto Pereira. De acordo com o relato, também estavam no camarote alguns jogadores, entre eles o atacante Kléber, que se recupera de uma artroscopia no joelho. Isso prova também que o torcedor alviverde não aguenta mais ver seu clube brigando todo ano apenas para não cair.

Quem teria atirado a lata de lixo seria o gerente de futebol Alex Brasil – na versão do clube, o cartola não teria jogado, e sim chutado a lata após o terceiro gol do Botafogo. Em posição oficial, inclusive repetida para torcedores nas redes sociais, foi feita uma sindicância e a diretoria do Coxa emitiu uma advertência ao gerente (ou “funcionário”, como foi colocado pelo clube).

Sozinho

Depois de mais um tropeço, coube ao técnico Marcelo Oliveira, mais uma vez, dar explicações para mais uma jornada ruim do Verdão no Brasileirão. A equipe até fez um bom primeiro tempo, mas não conseguiu manter o nível de atuação e, com muitas falhas, sobretudo na defesa, acabou tomando a virada e dando mais um vexame diante do seu torcedor.

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Sem poder mais contratar, o Coritiba terá que se reinventar a partir de agora. Não há mais espaços para erros. A reação terá que vir nos dois jogos seguidos que o Verdão fará longe de casa contra Bahia e Corinthians. O primeiro também luta contra a degola e o segundo é nada menos que o líder do Brasileirão.

“Não dá para ficar projetando três jogos, todos são difíceis. Historicamente, o Campeonato Brasileiro indica que não tem partida fácil ou descomplicada, a gente que tem que fazer a nossa parte para descomplicar. Se olhar para a frente, teremos adversários difíceis, ainda mais por não termos um rendimento regular”, apontou o treinador

Contratado como a salvação dos problemas do Coxa, Marcelo Oliveira tem um rendimento de apenas 29% depois de nove jogos no comando do clube. Mas apenas a experiência do treinador não deu jeito. O elenco carece de peças de reposição a altura. Apesar da situação complicada, o comandante alviverde acredita no trabalho que está sendo realizado e, mesmo com as dificuldades que o Verdão terá pela frente, confia na manutenção do Coxa na elite.

“Eu vim para o clube, pois eu gosto daqui. Acreditei no projeto e continuo acreditando. Eu acho que o Coritiba não vai cair. Nós vamos fazer todo o sacrifício que for possível para que isso não aconteça. Não vai ser fácil, já foi demonstrado que não será, mas temos que encontrar o caminho para isso”, arrematou ele.