O Buraco do Tatu e o segredo do time

Conforme publicamos ontem em primeira mão, o Instituto Popadiuk fez uma pesquisa sobre os 100 primeiros dias de Gustavo Fruet na prefeitura. Segundo os fregueses do Bar do Popadiuk, o mais tradicional boteco do Bigorrilho, os principais problemas de Curitiba são: conseguir um táxi, 60%; a distância da praia, 20%; a proximidade de São Paulo, 20%. Por último, e não menos importante, todos os entrevistados pelo Instituto Popadiuk acham que essa conversa do metrô já cansou. Buraco por buraco, bom mesmo era o Buraco da Tatu: o velho bar onde serviam a melhor carne de onça de Curitiba.

“Viva eu, viva tu, viva o Buraco do Tatu!” – cantavam os frequentadores de um dos mais lendários botecos de Curitiba , que ficava na rua Marechal Floriano, entre a rua XV de Novembro e a Praça Tiradentes. O nome veio do apelido do proprietário, Cristiano Schmidt (na época presidente do Britânia Foot Ball Club) e das características do estabelecimento: uma porta estreita dava acesso a um corredor, também estreito, onde ficava um balcão com assentos.

No Buraco era servida a mais legítima carne de onça, a grande atração da casa que décadas depois virou moda em Curitiba: carne crua com cheiro-verde bem picadinho, sobre broa preta. Nada mais, nada menos.

Conforme depoimento do Ligeirinho (do Bar do Ligeirinho, na Carlos de Carvalho) para a historiadora Maria do Carmo Brandão Rolim, os garçons do Buraco do Tatu eram o Bora, o Conrado, o Catarina (sempre tem um garçom catarina) e o ‘véio’ Antonio. O garçom Bora, é bom lembrar, notabilizou-se também como uma das mais estimadas figuras da extinta Churrascaria Cruzeiro, na avenida Batel.

O Buraco do Tatu era um bar campeão em todos os sentidos. Cristiano Schmidt , o Tatu, foi sete anos campeão pelo Britânia. Quando terminava o jogo, todos os jogadores iam direto para o Buraco do Tatu comer carne de onça e tomar chope. E no dia seguinte a Tribuna do Paraná não só abria manchete com as vitórias do Britânia Foot Ball Club, como também o jornalista Albenir Amatuzzi escrevia na sua coluna: “Segredo de vencedor: o vigor do time vem da carne de onça! O Britânia foi sete anos campeão do Paraná comendo carne de onça!”.

O concorrente do Buraco do Tatu, ficava na rua Monsenhor Celso e chamava-se Gruta da Onça. Na entrada havia um balcão comprido, pois o boteco era basicamente um corredor. No final desse corredor ficava um salão com algumas mesas, esconderijo dos senhores de boa família.  A Gruta da Onça, como não podia deixar de ser, também servia uma excelente carne de onça. Mas nunca foi páreo para a cozinha do Britânia Foot Ball Club.