A ameaça dos produtos de limpeza clandestinos

A despeito de uma maior preocupação com a proliferação de pandemias, boa parte da população brasileira ainda não faz a relação direta entre a limpeza e a saúde pública. O alerta é da Abipla (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins) vem tomando medidas pela conscientização dos consumidores e combate aos produtos de limpeza clandestinos, que representam uma grande ameaça por seu duvidoso poder de desinfecção.

O médico toxicologista Sérgio Graff alerta para a necessidade de maior conhecimento por parte do consumidor sobre a importância da limpeza relacionada à saúde pública. Segundo o especialista, uma casa limpa pressupõe ausência de fungos e ácaros nas superfícies, por exemplo, que causam alergias respiratórias.

Além disso, há uma série de infecções causadas por bactérias, cujo meio de cultura dentro de casa é o vaso sanitário. “Por isso, sua correta desinfecção é fundamental para contribuir na saúde da família”, adverte.

Graff lembra que, além dos cuidados pessoais, a melhor forma de evitar o contato com as doenças é manter os ambientes bem limpos, ventilados e as roupas bem lavadas e passadas, reduzindo a possibilidade de contaminações. “A limpeza tem um papel muito importante na preservação da saúde. Neste sentido, a formalidade dos produtos é uma garantia de sua eficácia”, acrescenta.

Regularização dos negócios

Diante desta necessidade de eficácia dos produtos, um programa foi apresentado pela Abipla com o objetivo de viabilizar a regularização das empresas, apresentando os benefícios e desafios de micro e pequenos fabricantes nesse processo.

“Temos um universo grande de empresas que possuem CNPJ e licenças de funcionamentos de prefeitura e Corpo de Bombeiros, por exemplo, mas não têm ainda a licença sanitária emitida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), muitas vezes por falta de informação”, esclarece Maria Eugenia Proença Saldanha, diretora executiva da entidade.

A proposta do Programa é fazer com que as autoridades sanitárias mobilizem os micro e pequenos empresários, oferecendo todas as ferramentas possíveis para a regularização de seus negócios. A própria Anvisa, em suas ações voltadas a oferecer informação aos interessados, já se deparou com o grande interesse por parte dos fabricantes.

“Os estados de Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul, por exemplo, solicitaram espontaneamente cursos voltados às boas práticas de fabricação”, ressalta a dirigente.

Todos os temas se voltam à capacitação no setor de saneantes, com abordagens sobre boas práticas de fabricação, armazenamento de embalagens, matérias-primas e produtos acabados, controle de qualidade nas indústrias, técnicas de produção e envase, registro e rotulagem.

Além das empresas que possuem uma parte de suas licenças de funcionamento, há outras que desconsideram completamente as boas práticas de fabricação e a existência de um órgão regulador, assumindo uma postura completamente amadora na produção.

Pirataria

Para se ter uma ideia, apenas no Estado da Bahia, estima-se que existam mais de cem empresas de produtos de limpeza atuando de forma irregular, muitas delas por desconhecimento da lei.

Muitas delas, são instaladas no fundo do quintal de residências, fraudam as normas sanitárias e podem utilizar material de qualidade duvidosa, sem controle rigoroso, oferecendo produtos por meio de vendas diretas em domicílio e em pequenos estabelecimentos comerciais.

Entre os principais fatores da expansão do mercado informal está o baixo custo unitário e a simplicidade da tecnologia empregada na fabricação dos produtos, além da dificuldade de uma fiscalização efetiva no setor.

Um recente estudo levantou os índices de clandestinidade de seis categorias de produtos: água sanitária, detergente líquido, desinfetante multiuso, amaciante e detergente e,m pó. Líder entre os clandestinos, a água sanitária atinge um índice de 42% de informalidade.

“Levando-se em consideração sua importância como bactericida, chegamos a um problema de dimensões grandiosas, uma vez que não há como atestar a eficácia dos produtos clandestinos”, comenta Maria Eugenia. O desinfetante foi o segundo colocado, com mais de 30% de índice de clandestinidade.

Além dos riscos à saúde pública, a pirataria causa desvio de impostos e diminuição da arrecadação tributária, aumento das taxas de desemprego. Estima-se hoje que a indústria de produtos de limpeza perca em faturamento R$ 650 milhões.

Não compre nem use

Produtos “oficiais” mantêm em seu rótulo, informações sobre todos os componentes e dosagens utilizadas na formulação do produto, forma adequada de uso, esclarecimento dos tecidos e materiais que não devem ser expostos àquele produto, restrições de utilização por gestantes quando necessário e alerta sobre a importância de manter o produto longe do alcance de crianças e animais domésticos. O consumidor deve evitar a aquisição de:

* uProdutos saneantes vendidos por ambulantes em carros, peruas ou caminhões
* Produtos vendidos em garrafas de refrigerantes e outras bebidas
* Produtos que não tenham data de fabricação, prazo de validade e número de lote
* Produtos cujas embalagens pareçam ter sido abertas, estejam amassadas, enferrujadas, estufadas, rasgadas ou furadas
* Saneantes acondicionados em grandes volumes (barris, bombonas ou tonéis) e que são passados para outra embalagem no momento em que se compra

Riscos à saúde

* Alergias
* Graves intoxicações
* Queimaduras
* Machucados
* Problemas respiratórios
* Irritações
* Morte de pessoas e animais

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