A plataforma da Estação Ferroviária de Curitiba foi palco, na quarta-feira (17/12), da inauguração de um novo vagão de luxo da Serra Verde Express, que fará viagens entre a capital paranaense e Morretes, no litoral do Paraná.
O lançamento do sétimo carro da categoria boutique foi mantido sob sigilo até o último momento, quando foi revelado como uma homenagem aos fundadores da companhia, ganhando o nome de “Família Arruda”.
A honraria celebra Adonai Arruda e Ione Mari da Veiga, o casal de empresários que, em 1997, assumiu a concessão do transporte turístico ferroviário entre Curitiba e Morretes. O vagão, que agora se integra à composição de 28 carros da empresa, destaca-se não apenas pelo nome especial, mas por ser o único da frota a contar com partes do teto em vidro.
A inovação atende a um antigo desejo da presidência, permitindo que os passageiros contemplem melhor a Mata Atlântica e o “corpo” das montanhas, além da tradicional vista dos vales e penhascos. A expectativa é que o novo veículo transporte mais de 11 mil pessoas ao longo de um ano. O valor do bilhete é a partir de R$ 450.
Desafios técnicos do novo vagão
O projeto leva a assinatura das arquitetas Lucille Amaral e Silvane Eclache, que já são responsáveis por mais de 10 vagões retrofit da companhia. O trabalho exigiu soluções inéditas de engenharia, especialmente porque não existe literatura técnica ou escolas especializadas na restauração e adaptação de vagões turísticos no Brasil.
“Ao longo dos anos aprendemos na prática. Descobrimos, por exemplo, que nada no interior do vagão pode ultrapassar a altura da janela para não obstruir a visão, que é o principal atrativo. Neste carro, o desafio foi a implementação das aberturas no teto, que exigiram reforços estruturais e vedação especial para suportar a trepidação e as intempéries da serra”, detalha Lucille Amaral.
A sustentabilidade e eficiência energética também foram centrais no desenvolvimento. Como em todos os vagões da Serra Verde Express, o sistema elétrico utiliza energia proveniente de placas solares. O Vagão Família Arruda, contudo, incorpora painéis mais potentes e eficientes.
Além disso, o vagão conta com um sistema de exaustão elétrica para conforto térmico, que substitui os modelos eólicos tradicionais, e iluminação linear em LED de alta performance, desenvolvida para manter a intensidade de luz constante ao longo dos 16 metros do salão.
Interior do vagão Família Arruda
O novo vagão foi concebido para funcionar também como um hub logístico da composição. Com a categoria boutique distante do vagão-bagageiro, o reabastecimento durante a viagem era um desafio operacional. O projeto solucionou essa questão com a instalação de freezers de alta capacidade, que funcionam como estoque reserva de bebidas para todo o setor de luxo.
No design de interiores, a homenagem aos fundadores traduziu-se em escolhas que remetem à solidez e durabilidade. É o primeiro vagão da categoria com estofamento 100% em couro e banheiros com revestimento vinílico e cubas em pedra nobre. A cor verde, referência à Serra Verde Express, e o caramelo predominam no acabamento.
Outra preocupação foi a baixa manutenção de móveis e materiais, para que o vagão necessite do mínimo de reparos possíveis durante a vida útil. As poltronas ganharam um novo sistema de fixação que facilita a retirada, permitindo a remoção rápida pelo topo, sem a necessidade de intervenções na parte inferior do trem. “Nosso objetivo é criar um ambiente que remeta à sala de estar da casa dos passageiros, mas que tenha a resistência e a durabilidade exigidas pela operação”, pontua a arquiteta.
A varanda panorâmica, característica marcante da categoria boutique da Serra Verde Express, recebeu ampliações estruturais para maximizar o ângulo de visão. Aliado ao teto envidraçado, o vagão Família Arruda foi projetado para promover mais contato com a Mata Atlântica.
Detalhes
Categoria: Boutique
Capacidade: 29 lugares
Banheiros: 2
Varanda: 5 m²
Diferenciais: teto de vidro e poltronas de couro Informações e bilhetes: www.serraverdeexpress.com.br



