Show em Curitiba

Evandro Mesquita, da Blitz, revela projetos inéditos em entrevista exclusiva

Ele é músico, cantor-compositor, ator, diretor, produtor, um artista completo. Evandro Mesquita é vocalista e líder da Blitz – uma das mais importantes bandas de rock do Brasil, que atualmente comemora 40 anos de estrada. Aos 70 anos de idade, Evandro carrega uma trajetória artística completa.

Nos anos 1980, a Blitz estourou com sucessos como “A dois passos do paraíso”, “Você não soube me amar”, “Mais uma de amor”, Betty frígida”. Depois de várias pausas (são 40 anos!), a banda segue produzindo inéditas e conquistando o público. Em 2017, o disco Aventuras II recebeu indicação ao Grammy Latino. O líder da banda ainda revelou que devem sair mais quatro álbuns fresquinhos, todos produzidos durante a pandemia.

Desde os tempos do grupo teatral “Asdrúbal Trouxe o Trombone“, ao qual fez parte nos anos 70 ao lado de grandes atores como Regina Casé, Luiz Fernando Guimarães e Perfeito Fortuna, o artista segue com a cabeça cheia de ideias e muito criativo. Evandro trabalha na finalização dos quatro discos da Blitz, e em paralelo, comanda um programa de rádio e escreve um roteiro de uma série que ainda segue em planos de lançamento.

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Neste próximo sábado (23), a banda se apresenta na Live Curitiba em sua turnê de comemoração aos 40 anos de carreira. Evandro prometeu um show inesquecível, um reencontro muito especial.

Confira a seguir a entrevista exclusiva da Tribuna do Paraná com o artista:

A Blitz comemora 40 anos de carreira com essa nova turnê, com esse show que acontece em Curitiba neste sábado. Você, Evandro, fez 70 anos esse ano, em fevereiro. Qual a receita para manter viva essa juventude toda?

Eu estou procurando essa receita, ou parte dela. Eu comecei a entender o mundo com as histórias em quadrinhos, depois o teatro, o cinema, e a música era uma paixão desde criança. Meu pai tocava violão clássico, minha mãe era professora mas adorava Amália Rodrigues, Noel Rosa.

Em casa sempre teve essa atmosfera de música, assim. E depois com a Jovem Guarda, os Beatles, e descobri depois compositores maravilhosos que a gente sempre teve aqui, desde Luiz Gonzaga a Jackson do Pandeiro, Caetano, Gil, Mutantes, Novos Baianos. Isso tudo foi me inspirando e jogando essas informações no meu liquidificador de arte e saiu uma receita com personalidade própria, tanto no teatro, quanto na música. E é isso que eu vivo fazendo, e procurando esse equilíbrio, procurando essa motivação na vida através da arte.

A gente percebe que você não parou no tempo. O disco de vocês, o Aventuras II, foi indicado ao Grammy Latino. São músicas muito atuais, as letras, o arranjo, tudo muito bacana. Você sempre está surpreendendo e não para. É muito bacana isso.

Ah, isso é muito legal, que bom que você citou o Aventuras II. Foi um disco feito em 2017, antes da pandemia, um disco de inéditas, e ter esse reconhecimento do Grammy foi um prêmio muito legal pra gente.

Na pandemia, a gente tem um estúdio próprio aqui, então a gente ficou trabalhando muito. A gente tá finalizando quatro CDs: um de Blitz Hits com a tecnologia de hoje, a gente revisitando os nossos sucessos. Tem um de lado B, que a gente tá chamando de Lado Blitz, de músicas que a gente adora, mas que não estouraram tanto. Tem outro de inéditas, e um apelidado de ‘Blitz nos dos Outros’, que é a Blitz de compositores que a gente adora, Roberto e Erasmo, Gil, Belchior, Zé Keti, Paulo Diniz, tem umas coisas inusitadas.

Então a gente tá assim, com quase 90% deles prontos pra lançar. As lojas acabaram, mas a gente insiste em fazer CD, em fazer LP também, que vende bastante. Essa da Aventuras II a gente traz numa lojinha, nos shows. Manter essa chama acesa é o que faz a gente continuar com prazer. Esse frio no coração antes de entrar no show, eu acho fundamental você puxar essa adrenalina, pra manter a sonoridade ainda viva, e ir tocando nas pessoas. A banda tá com uma formação muito legal agora, e a gente quer mostrar para Curitiba, onde a gente tem sempre um público muito carinhoso de fãs e amigos, fãs que viraram amigos. Isso é muito bacana, essa visita a Curitiba sempre.

“É isso que eu vivo fazendo, e procurando esse equilíbrio, procurando essa motivação na vida através da arte.”

Evandro Mesquita

Qual a diferença da Blitz de hoje para a Blitz dos anos 80? A formação, a gente sabe que não é mais a mesma…

É que nem quando você tem o primeiro amor, a primeira namorada. Aí depois tem aquela fase que não dá certo, de ciúmes, intrigas, invejinhas, coisas que destroem um casamento, destroem uma relação de banda, que é um casamento a sete. Então é a procura do amor perfeito, é sempre né.

Tá eu e Billy desde o primeiro disco, o Juba entrou no segundo disco, no lugar do Lobão, tá com a gente até hoje. Tem o guitarrista, o Rogério, que é parceiro do Cazuza, contemporâneo nosso. Duas meninas novas no backing vocal, a Nicole e a Andrea, e uma baixista nova também, a Lana. Então isso tudo motivou muito a gente, de ter prazer ainda nesse beijo na boca no palco, nas viagens cansativas, no ônibus, no avião, nas turnês muito exaustivas, que o Brasil é muito grande. Mas encontrar o prazer em estar na estrada, e estar no palco com uma vibração boa rolando, isso faz a magia da música ser o que ela deve ser, e celebrada como ela deve ser. Então essa formação, a gente tá muito contente com ela.

Você comentou das suas inspirações, de Caetano, de Gil, de Beatles. E hoje, quais são os artistas que inspiram o Evandro? Tem alguma coisa em especial?

Caramba! Tem muita coisa. Mas eu me pego visitando o baú porque eu acho que a década de 70 e a década de 80 foi muito inspiradora para o mundo, para o mundo da arte, para o mundo da música. Tem muita coisa boa, volta e meia uma das minhas filhas me apresenta uma coisa ou outra, que eu gosto bastante, e ainda mais no Brasil, que é esse território enorme, e cada lugar tem a sua sonoridade própria e com muitas pérolas a se descobrir.

Eu gosto desse garimpo, estou fazendo um programa de rádio aqui no Rio de Janeiro, numa rádio chamada Positividade. É um programa muito gostoso de fazer, eu tenho liberdade total de escolher as músicas. É uma salada de frutas sonora, muito saudável e inusitada, coisas bem legais. O programa se chama Radioatividade e daqui a pouco, se Deus quiser, chega em Curitiba também.

Foto: divulgação.

Seu interesse artístico começou cedo. O grupo do “Asdrúbal Trouxe o Trombone” nasceu antes da Blitz. Como seria o Evandro sem a Blitz?

Acho difícil, no começo eu queria ser jogador de futebol. Eu fui da seleção carioca de praia juvenil, ganhava meia bolsa jogando na Gama Filho. Eu fiz faculdade de Educação Física, então eu era do time da faculdade que era seríssimo.

A arte sempre me salvou e foi um canal de conexão com a minha geração, foi com outras também, através da música. Eu acho muito legal ter uma banda até hoje. Porque quando a Blitz acabou, a primeira formação, eu fiz uma carreira solo também, três, quatro discos. Eu achava muito solitário fazer um Chacrinha, por exemplo, olhar para o lado e só ver as Chacretes, não ter nenhum amigo pra testemunhar aquilo comigo. Eu gosto de banda, eu gosto de time de futebol, de turma de praia, me sinto bem assim trocando com amigos essas informações e tentando montar alguma brincadeira boa.

“O prazer em estar na estrada e estar no palco com uma vibração boa rolando, isso faz a magia da música ser o que ela deve ser, celebrada como ela deve ser.”

Evandro Mesquita

Voltando para a época do Asdrúbal. Vocês fizeram teatro numa época complicada, durante a ditadura. Em 2020 a gente passou pela pandemia, muitos centros culturais fecharam, a cena artística sofreu muito. Na sua visão, qual a importância da cena artística para sociedade hoje?

É vital, é como respirar. Eu acho que a cultura, o teatro, a música, faz parte de ferramentas pra gente entender o mundo, entender a vida, entender nosso tempo, né. Eu acho que o artista tem esse olhar especial e ajuda a gente a isso tudo, a descobrir beleza no cotidiano, às vezes tão duro, tão massacrado. A música salva, jiu jitsu salva. Eu acho que a arte é fundamental, eu não saberia viver de outra maneira.

Ela é fundamental pra você?

Pra mim, ela é vital. Eu fico 24 horas pensando em arte, em música. Se eu estou num restaurante, pego uma toalha de papel, peço uma caneta, eu desenho, eu escrevo, eu rabisco. O que me mantém vivo é estar na estrada, é fazer arte, saber que eu vou compor com um amigo, que eu estou aprontando um disco, que vai ter um show. Isso me motiva muito. Plateias, novos lugares, isso é muito bacana.

Hoje você é um artista completo. Ator, diretor, roteirista, produtor, músico, compositor. Existe alguma coisa, algum sonho, que ainda quer realizar? Alguma coisa que ainda não fez?

Eu estou escrevendo uma série, eu escrevi uma série durante a pandemia que eu queria muito que ela acontecesse em um canal desses aí. É muito difícil você ter acesso a isso, mas eu estou gostando demais dela. Eu escrevi um roteiro também com a Patrícia Travassos sobre as viagens do Asdrúbal, é de ficção esse roteiro, mas tem pontos reais. Desde a prisão nossa no Sul, as viagens mambembes com a nossa Kombi, com muita alegria, com muito prazer, nessas entradas e bandeiras pelo Brasil. Então essas duas coisas são sonhos que eu quero muito que as pessoas pudessem ter acesso a uma série minha.

Eu tenho um Kikito como roteirista, com Mauro Farias. O nosso filme “Não quero falar sobre isso agora” de 1996, e tenho o Prêmio Shell de autor na peça “Esse cara não existe”, também com Mauro Farias. Então esse lado compositor meu de lidar com a palavra, a palavra justa naquela melodia, esse é um exercício que eu faço há muito tempo. Eu consegui botar isso nessa série, estou investindo muito tempo e emoção. Mas eu sou muito, meio “anta”, nessa coisa burocrática, de chegar nas pessoas certas e essa burocracia toda, isso me atrapalha um pouco. Eu estou me educando pra que isso melhor aconteça.

Sobre o show deste sábado aqui em Curitiba, o que as pessoas podem esperar da apresentação? Tem algum spoiler?

Vai ser demais, vai ser sensacional, como tem sido esse reencontro com a plateia. A gente fez algumas lives e era muito frio você acabar uma música e aquele silêncio, não ter essa troca com o público.

A gente tem feito grandes shows no Brasil todo. Fizemos agora em Porto Alegre, no Araújo Viana, super lotado, foi histórico. Fizemos aqui no Morro da Urca, no Circo Voador, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, e estamos loucos pra fazer em Curitiba. Vamos fazer na Live, depois a gente faz na Pedreira, se Deus quiser. Acho que o pessoal pode esperar um grande show, com a gente com muita vontade de tocar pra vocês, mostrando coisas que a gente já fez, coisas que a gente tá fazendo. Então vai ser um show inesquecível. Quero muito esse reencontro com o público de Curitiba.

Serviço

Turnê comemorativa de 40 anos da Banda Blitz

Onde: Live Curitiba – Rua Itajubá, nº 143, bairro Novo Mundo, Curitiba, Paraná.

Quando: 27 de agosto (sábado);

Horário do show principal: início às 23h (duração de 75 minutos);

Classificação: 18 anos

Ingressos: a partir de R$ 80,00 em até 12x;

Produção: Dado Produções Artísticas;

Vendas: www.uhuu.com ou www.livecuritiba.com.br