Três assassinatos mancham a Cidade Industrial de sangue

Da manhã de sábado até a madrugada de domingo, três assassinatos ocorreram na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), um dos bairros mais violentos da capital, além de um atentado em que o sogro tentou matar o genro por ciúme. O primeiro, e que chamou a atenção pela tortura psicológica imposta à vítima antes de morrer, ocorreu na divisa da Vila Caiuá com o minúsculo bairro São Miguel. Vanderson Carlos das Dores Padilha, 27 anos, conversava e bebia com amigos em frente a uma casa da Rua Manoel Lopes Haygert, quando marginais chegaram em duas motocicletas. Ele e um dos amigo foram obrigados pelos assassinos a deitarem-se no chão.

Os marginais dispararam alguns tiros próximos à cabeça dos rapazes e disseram que “apenas o cara de blusa vermelha (Vanderson) interessava a eles”. Com isso, o amigo da vítima levantou-se e correu. Chegou a ser perseguido, mas o bandido desistiu da “caçada” após o rapaz conseguir pular o muro de uma casa e se esconder. Enquanto isso, Vanderson, ainda deitado no chão, era assassinado com cinco tiros, todos na cabeça.

Segundo informações de testemunhas dadas aos investigadores Nilson e Ayrton, da Delegacia de Homicídios (DH), uma das motos usadas no crime foi a mesma descrita em outra tentativa de homicídio ocorrida no Novo Mundo, horas antes.

Crueldade contra adolescente

Giselle Ulbrich e Márcio Barros

Outro crime praticado com requintes de crueldade foi atendido por policiais militares do 13.º Batalhão, na Cic. Um adolescente, sem identificação, aparentando cerca de 16 anos foi encontrado morto na Rua Sylvano Alves da Rocha Loures, na Colônia Riviera, CIC, próximo ao posto de Polícia Rodoviária Estadual da BR-277, com as mãos e pés amarrados. Na cabeça, ele tinha ferimentos de prováveis pauladas, e dois tiros no pescoço disparados à queima-roupa.

O perito criminal que atendeu o caso suspeita que o jovem tenha sido assassinado em outro local e desovado na Colônia Riviera. Ele tinha as mãos amarradas para trás com um arame de cobre branco, provavelmente um fio usado em telefonia. As pernas estavam atadas por uma corda de nylon verde, além de ter uma jaqueta branca com detalhes em vermelho também enrolada aos pés.

O forro da jaqueta, apuraram os investigadores Nilson e Lima, da Delegacia de Homicídios, foi arrancado e amarrado ao pescoço da vítima, como se os matadores não quisessem que o sangue do jovem escorresse dentro do carro em que transportavam o cadáver para desova.

O garoto era pardo, com 1,65 metro de altura, magro, cabelos pretos, lisos e corte curto. Vestia blusa de agasalho preta, camiseta verde escura, calça jeans e tênis branco com detalhes em azul.

Causas estudadas

Giselle Ulbrich

O capitão Marcos Alexandrino Vieira, comandante da 3.ª Companhia do 13.º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento na CIC, dentro outros bairros, revela que boa parte dos assassinatos na região estão diretamente ligados às drogas. “Enquanto não houver uma ação efetiva de vários órgãos de polícia, contra o tráfico de entorpecentes no bairro, os homicídios não vão diminuir”, garante o oficial, lembrando que é necessário combater também o tráfico de “fora para dentro”, capturando quem leva a droga para o bairro.

Ao analisar a situação da Cic, Vieira revela que nos últimos seis meses o bairro sofreu mudanças no que diz respeito ao perfil da violência. Casos de furtos e perturbação de sossego, que eram frequentes, sofreram redução drástica. Em contrapartida, os casos de roubos aumentaram bastante, em que pese as operações que tem sido feitas na região desde janeiro passado. O oficial informou também que está fazendo um estudo para “entender a dinâmica do crime nesta área”, para encontrar soluções que levem à redução dos delitos, principalmente os contra a vida.