Polícia só ‘enxuga gelo’

Tentativas da polícia de pacificar a Vila Torres não têm surtido efeito

Não é de hoje que as tentativas da polícia de pacificar a Vila Torres, Prado Velho, e desarraigar a criminalidade da região têm surtido pouco ou nenhum efeito. As ocupações policiais feitas no bairro, que fica à margem de um dos mais importantes corredores de entrada de Curitiba, tiveram caráter “enxuga-gelo” e as obras de revitalização urbanística não atingiram todos os moradores.

Na terça-feira (03), a polícia ocupou a vila mais uma vez, após protesto dos moradores pela morte de um adolescente em confronto com PMs, após assalto, na Avenida das Torres (Comendador Franco). Depois de enfrentar os manifestantes e dispersá-los, equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), com escudos, abriram caminho pela Rua Manoel Martins de Abreu e a ocupação se concretizou.

Repetição

Cenário idêntico se configurou no fim de outubro de 2008. O corpo de um rapaz, de 21 anos, morto a tiros, foi encontrado ao lado do módulo da PM, na Rua Guabirotuba, e que estava desativado há dois meses. Os moradores acusaram a PM de ter executado o rapaz. A destruição do módulo foi estopim para as revoltas e protestos, semelhantes aos desta semana.

No dia 31 daquele mês, o então secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, ordenou que PMs e policiais civis ocupassem a vila e dessem fim na criminalidade. Dezenas de agentes de segurança tomaram as vielas e um grupo de 70 PMs permaneceu na região, mas logo o esquema de policiamento voltou a rotina de sempre.

Em outubro do ano passado, foi feita outra tentativa da PM para tirar o crime da região. Cerca de 400 policiais militares, civis, federais e guardas municipais fizeram varredura na vila e um dia depois seguiram para outras regiões críticas da capital.

Gangues

A violência não parou. No fim daquele mês, desavença entre duas gangues deu fim à trégua no bairro. De lá para cá, os confrontos causaram pelo menos 13 mortes a tiros e dois feridos por balas perdidas. No último trimestre, a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), conseguiu prender dois dos principais causadores dos confrontos. Outros autores de homicídios, segundo a polícia, se tornaram vítimas neste período.

Diante dos eventos recentes, a PM emitiu nota afirmando que o planejamento para o período da Copa do Mundo prevê ações de inteligência que vão garantir a segurança de moradores e turistas que passarem pela região. De acordo com o Instituto Municipal de Turismo (IMT), são esperados 40 mil turistas durante o Mundial.

A Vila Torres é a área de ocupação irregular mais antiga de Curitiba, junto com o Parolin, com início nos anos 50. Somente no fim da década de 80 que os terrenos começaram a ser regularizados e os primeiros projetos de urbanismo foram feitos. Foi também nessa época que a região trocou de nome. Antes se chamava Vila Pinto.