Siate faz 13 anos com 150 mil atendimentos

Em 13 anos de funcionamento, o Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) já atendeu a 150 mil ocorrências de acidentes de trânsito, violência, quedas e acidentes de trabalho ou domiciliar, nos quais as vítimas receberam atendimento pré-hospitalar, apenas em Curitiba. Em 2002, foram registradas aproximadamente 19 mil ocorrências e nos primeiros quatro meses deste ano os atendimentos registrados já somam 8.191 ocorrências.

No Paraná, os acidentes de trânsito são responsáveis por 43,6% das vítimas fatais e o trauma é a terceira causa de morte, perdendo apenas para doenças cardiovasculares e neoplasias. Na população da faixa etária até 40 anos, torna-se a primeira causa. A grande maioria dos óbitos ocorre nas primeiras horas após o acidente e 20% a 50% deles poderiam ser evitados com um atendimento inicial adequado.

Disponível à população pelo fone 190, o serviço opera 24 horas por dia e o tempo médio para a chegada dos socorristas aos locais de acidentes está próximo de 8 minutos. Diariamente, a média é de 35 ocorrências, sendo que nas sextas, sábados e domingos esse número pode até dobrar.

“A nossa maior dificuldade é com relação aos trotes, isso prejudica a qualidade do trabalho que prestamos e para uma pessoa ferida os cinco minutos que perdemos atendendo um trote são preciosos”, lembrou o bombeiro-socorrista Ivoni Miguel de Jesus.

Equipe

Cada ambulância opera com uma equipe formada por três socorristas e um médico, que trabalha sob a coordenação direta do médico da Central Integrada de Emergência (Cine). Este profissional é responsável pela triagem dos chamados, avaliação da necessidade de atendimento por ambulância, orientação técnica à equipe de socorristas que está no local da ocorrência e escolha do serviço de saúde que deverá receber o paciente. Além disto, caso seja necessário, é enviado um médico ao local da ocorrência.

Os hospitais que recebem as vítimas do sistema Siate são o Hospital do Trabalhador, Hospital Evangélico e Hospital Cajuru, em Curitiba, e o Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul. Esses hospitais têm os serviços de UTI, pronto-socorro, diagnóstico, centro cirúrgico e enfermaria avaliados diariamente. “O médico regulador, que recebe as ocorrências na Central controla o fluxo de pacientes em cada setor de cada hospital para que seja levado o paciente certo para o lugar certo”, declarou o diretor médico do Siate Edson Vale Teixeira Júnior.

Apesar de estar voltado para o atendimentos de vítimas traumatizadas, os quadros clínicos também chegam ao Siate pelo fato de não existir um serviço público voltado para atender a esses tipos de emergências.

Reconhecimento

Para Teixeira Júnior, a população identifica o Siate como um serviço de qualidade. “Esse fator faz com que todos os funcionários tenham orgulho de atuar no serviço, eu, por exemplo, me sinto realizado”, afirmou. De acordo com o diretor, os funcionários do Siate recebem com freqüência telefonemas e cartas de agradecimento de vítimas socorridas.

Em uma ocorrência acompanhada pela equipe de reportagem na qual aconteceu uma colisão entre um caminhão e um automóvel, no centro de Curitiba, a equipe do Siate chegou em cinco minutos ao local. A vítima, o eletricista Ivan Mendes, de 37 anos, em estado grave, contou com o apoio do médico no local. “O trabalho deles está salvando meu marido”, disse Márcia Mendes, esposa da vítima.

Preparo

Atualmente o Siate conta com 450 bombeiros-socorristas e 86 médicos em todo o Paraná. Em Curitiba, atuam 180 socorristas e 26 médicos nos sete postos de atendimento. Os socorristas recebem 460 horas/aula de treinamento ministrado por médicos especializados e saem habilitados para prestar o atendimento básico à vitima, sob supervisão médica direta ou à distância. “É um trabalho sofrido mas muito gratificante, em muitos casos vínculos de amizade se formam entre o socorrista e a vítima”, declarou o cabo Ivoni Miguel de Jesus que atua há 13 anos como bombeiro-socorrista.

Os médicos têm treinamento para atendimento ao trauma e devem estar treinados para um diagnóstico rápido, através da coleta de dados. A exigência é de que todos tenham cursado o ATLS Suporte Avançado à Vítima Traumatizada, que é um curso fornecido e gerenciado pelo Colégio Americano de Cirurgiões, reconhecido em todo mundo.

“O Siate paranaense é exemplo para muitos Estados do Brasil. Para se ter uma idéia, no Rio e em São Paulo a carga horária máxima exigida para os socorristas é de 200 horas/aula enquanto a nossa é de 460”, demonstrou Teixeira Júnior. O diretor exemplificou citando a visita de oficiais de Mato Grosso do Sul que estiveram em Curitiba, na última quinta-feira, conhecendo o trabalho do Siate para implantar em seu Estado.

De acordo com o diretor, alguns médicos paranaenses que atuam no Siate participaram da elaboração das portarias para normatização do serviço pré-hospitalar junto ao Ministério da Saúde. Os últimos dez médicos que entraram para o Siate, através de concurso público, em 1993, foram empossados pelo então governador Roberto Requião.

Ampliação

Por meio da portaria interministerial n.º 18 de 25/05/1987, foi implantado o projeto piloto de atendimento ao trauma da região metropolitana de Curitiba o que determinou a criação do Siate. Em maio de 1990, também no governo Requião, foram iniciadas as atividades do Siate por meio de uma parceria formada entre a Secretaria Estadual da Saúde, Secretaria Estadual da Segurança Pública e Secretaria Municipal da Saúde. O Siate está disponível para as cidades com mais de 150 mil habitantes como Curitiba, São José dos Pinhais, Londrina, Foz do Iguaçu, Ponta Grossa, Cascavel, Maringá. A escolha dos municípios obedeceu, além de critérios populacionais, a critérios epidemiológicos e existência de rodovias com tráfego significativo, atravessando áreas urbanas.

“Está sendo realizado um estudo para aumentar a atuação do Siate e instalar, a partir deste ano, o serviço em todas as cidades com população superior a 50 mil habitantes”, declarou o governador Roberto Requião. O governador ainda anunciou que estão sendo chamados 200 candidatos, aprovados em concurso, para compor o quadro do Corpo de Bombeiros que serão enviados para ocupar funções no Siate e a compra de 29 novas ambulâncias.

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