Cidade Industrial de Curitiba

Série de assassinatos causa temor na Vila Sandra

Moradores da Vila Sandra, na parte norte da Cidade Industrial, próximo ao Campo Comprido, vivem em constante preocupação desde meados de julho, quando teve início uma série de assassinatos na região. De lá para cá, sete pessoas perderam a vida para a violência. Entre as vítimas estão homens, adolescentes e uma mulher. A onda de crimes gerou ameaças e boatos de toques de recolher, que provocaram o fechamento de comércios e o cancelamento de aulas em alguns colégios.

Para a polícia, os crimes são consequência da rivalidade entre gangues que se digladiam pela disputa do controle do tráfico de drogas. No primeiro semestre, a região desfrutou de certa tranquilidade. Dos 62 assassinatos registrados na Cidade Industrial, apenas dois aconteceram na Vila Sandra. Porém, desde a madrugada de 13 de julho, quando um homem, de aproximadamente 35 anos, foi executado com um tiro na nuca, na Rua Domingos Farias de Mello, os moradores não tiveram mais sossego. A pequena área, situada próximo ao cruzamento da Rua João Dembinski com a Rua Luiz Tramontin, se viu dominada por gangues armadas e os assassinatos tornaram-se constantes. Antes do fim de julho (dia 28), o pintor Josué do Nascimento foi morto com vários tiros, dentro de um carro, na Rua Claudino Abramo Laidens.

Pai e filho

O mês de agosto seguiu no mesmo ritmo e a violência desenfreada fez mais cinco vítimas fatais. Todos os crimes aconteceram a poucas quadras de distância um do outro. No dia 12, Florisvando Rodrigues Raimundo, 38, foi assassinado a tiros, na Rua Antônio Ferreira do Nascimento Filho. No dia 25, a vítima foi o filho dele, o garoto Maylon Henrique Rodrigues Raimundo, 15, morto com um tiro na cabeça, na Rua Aleixo Grebos.

Ameaças

Após as mortes de Maylon e Florisvando, surgiram comentários na vila que os crimes vinham sendo cometidos por grupos rivais, ligados ao tráfico de drogas. Quatro dias depois (29), outro adolescente, Lucas Eduardo Tibúrcio Firmino, 14, que era conhecido como “Block” morreu baleado na Rua das Catanduvas. No mesmo dia, ameaças foram postadas na internet por pessoas dizendo-se rivais de Lucas. Pelas mensagens, o grupo avisava que os amigos da vítima deveriam se recolher às 21h, porque o “negócio” iria esquentar. Além disso, foram deixados recados indicando que haveria retaliação e que Lucas teria sido morto porque estava envolvido nas mortes de pai e filho.

Não se sabe se o toque de recolher foi concretizado, mas na noite de 31 de agosto, um casal de amigos foi assassinado na Rua Sebastiana Cordeiro, próximo à Rua João Dembinski. Jean Felipe Rossani, 19, e Áurea Freitas Lima, 29, estavam em frente a uma igreja quando foram surpreendidos e fuzilados. A polícia não confirma se o duplo homicídio está ligado ao assassinato de Lucas, mas acredita que pelo menos alguns dos crimes estejam relacionados.

Desde então, ninguém mais foi morto na vila, porém o clima de pavor instaurado, que afeta colégios, igrejas e comércios, impede a população de levar a vida normalmente.