Sem-terra morre em tiroteio com seguranças

Mesmo com todos os esforços feitos pelo governo do Estado, que pretende levar a questão agrária da maneira mais pacífica possível, o pior aconteceu ontem. Após um conflito com seguranças da Fazenda Coqueiros, da Trombini Florestal, em Foz do Jordão, durante a manhã, o sem-terra Paulo Sérgio Brasil, o “Paulinho Brasil”, 36 anos, foi morto a tiros. Essa foi a primeira morte em conflitos do campo, este ano, no Paraná. Anteriormente, outros sem-terra já haviam sido assassinados, mas em disputas internas. Além disso, os sem-terra Pedro Brasil, 53 anos, e Anaro Lino Vital, 50 anos, tiveram ferimentos graves. O segurança Nelson Gonçalves dos Santos também saiu ferido do confronto. Foram detidos sete seguranças da empresa Galina GWS e um sem-terra. Com eles foram encontrados sete revólveres calibre 38.

Em nota, a Trombini disse que os sem-terra invadiram a propriedade armados com rifles, pistolas e facas e que os seguranças revidaram os tiros. Um dos seguranças também levou um tiro no peito, mas foi salvo pelo colete à prova de balas. Os sem-terra, ao contrário, dizem que foram surpreendidos por 20 fazendeiros fortemente armados, quando 100 deles dirigiam-se para terminar um roçado e começar o plantio na fazenda.

Famílias

Segundo a coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Curitiba, 180 famílias estão acampadas há seis meses em frente à Fazenda Coqueiros e na beira da PR-662, estrada que liga Foz do Jordão a Reserva do Iguaçu. Alguns sem-terra entraram na propriedade no domingo passado para roçar 21 alqueires. Eles não haviam construído um acampamento dentro da propriedade. “Os sem-terra não tinham autorização para entrar na fazenda. A secretaria não tinha conhecimento desta invasão até a manhã de hoje (ontem)”, disse o secretário de Estado da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, que foi pessoalmente ao local tentar solucionar o problema. Na manhã de ontem, membros do MST voltaram a invadir a propriedade e foram recebidos à bala pelos seguranças da fazenda.

“Foi uma atitude inconseqüente que gerou uma fatalidade. O diálogo com os ruralistas, MST e governo federal é intenso e a reforma agrária deve acontecer em breve no Paraná.”, garantiu o secretário. De acordo com ele, os ruralistas apresentaram uma lista de 15 propriedades do Estado que poderão servir para a reforma agrária.

Os sem-terra, indignados com a situação, bloquearam a PR-662 num trecho de oito quilômetros durante a manhã. Policias militares permanecem na fazenda para evitar novos confrontos.

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