Sargento da PM atira contra deficiente

O sargento Marcus Vinícius dos Santos Coimbra, policial militar lotado no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP), não admitiu ser advertido por um deficiente mental, para que não batesse a porta com força. Sem dar qualquer palavra, sacou sua pistola e atirou contra Eberson Pereira de Oliveira, 32 anos, acertando-o nas costas e na nuca. O crime ocorreu na porta do prédio onde os dois eram vizinhos, o Conjunto Tramontin, na esquina das Ruas Luiz Tramontin e Irmã Sofia Riechi, na CIC, por volta das 17h de ontem.

Segundo Antônio Pereira, 59, pai da vítima, Eberson saía para trabalhar, quando encontrou o PM na saída do prédio. Antônio disse que o policial costumava sempre fechar a porta com muita força. Desta vez, seu filho teria dito ao policial para que não fizesse aquilo, pois, se estragasse, todos do prédio teriam que pagar. Na versão da família, a reação do sargento foi, sem dizer nada, atirar contra Eberson. Assustado, correu para fora, em direção à porta de outro bloco, para pedir ajuda à sua mãe, que mora em outro apartamento, debaixo de mais tiros. Foi na porta do prédio onde sua mãe vive que Eberson levou o tiro fatal nas costas e tombou, já no corredor do prédio.

Aliocha Maurício
Vítima tomava 14 remédios.

Enxada

Vizinhos viram a confusão e chamaram a Polícia Militar que, quando chegou, recolheu o sargento e o levou para o 11.º Distrito Policial. Lá, onde estavam reunidos diversos oficiais da PM e não foi permitida a entrada da imprensa, ele prestou depoimento e foi autuado em flagrante por homicídio pelo delegado Gerson Machado. Segundo nota oficial da PM, o sargento alegou ter atirado em Eberson porque o deficiente tentou lhe agredir com uma enxada. Também disse que foram efetuados dois disparos, um para o chão, para conter a ameaça que Eberson estaria lhe fazendo, e outro para se defender da agressão.

A família negou que Eberson, que toma 14 medicamentos diferentes todos os dias, tenha agredido o policial.

Denúncias

Antônio explicou que toda a vizinhança já havia percebido movimentações suspeitas na casa do sargento. Ele diz que já o denunciou ao 181 (Narcodenúncia), ao Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e ao delegado Gerson Machado, do 11.º DP. A Tribuna procurou a delegacia, para tentar verificar a veracidade das denúncias, mas sequer passou do portão de entrada.

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