Rapazes baleados enquanto esperavam corte de cabelo

O salão de beleza, situado na Avenida Herbert Trape, bairro Guarituba, Piraquara, ficou manchado com o sangue de dois jovens amigos, na tarde de ontem. Tiago Pereira dos Santos, 16 anos, e Edvaldo Marques de Souza, 18, foram baleados quando esperavam para cortar o cabelo. Tiago morreu com o corpo crivado de balas dentro do estabelecimento. Já o amigo, foi ferido com um disparo na cabeça e internado no Hospital do Trabalhador.

Eram 13h30 quando Tiago e Edvaldo foram até o salão de beleza, esperar o cabeleireiro Gelson de Souza, 29. Antes de atendê-los o profissional foi até os fundos do estabelecimento, onde mora, deixar seu filho com a esposa. Naquele instante ouviu cerca de 20 tiros. Assim que cessaram os estampidos, Gelson retornou ao salão e encontrou Tiago caído, já sem vida, dentro do estabelecimento, enquanto Edvaldo ainda agonizava em frente a porta. Ele foi levado os hospital por socorristas do Siate.

Nas paredes e nas portas do salão foram contadas pelo menos oito marcas de tiros. Próximo ao corpo de Tiago o perito criminal Carlos Henrique recolheu 11 estojos de pistola calibre 380 e identificou o mesmo número de perfurações no corpo da vítima. "Pelo número de tiros, certamente o assassino descarregou a pistola nos rapazes", suspeita o perito.

Vítimas

Em instantes, dezenas de moradores reuniram-se no local, indignados com o crime. Amigas de Tiago choravam ao ver seu corpo sendo levado pelo camburão do Instituto Médico-Legal. Segundo elas, o jovem era tímido e pacato. Órfão de mãe, ele trabalhava com o irmão mais velho na panificadora da família. "O pai dele foi embora para Ponta Grossa e deixou a panificadora para eles cuidarem. Ele era tão tímido que tinha até vergonha de conversar com a gente. Não sei por que fizeram isso com ele", disse uma das meninas.

O cabeleireiro também confirmou a boa índole do garoto. "Conhecia ele desde os 10 anos. Era uma garoto muito bom, meu cliente há anos", lamentou. Com Tiago a polícia encontrou apenas uma nota de R$ 5,00, valor referente ao corte do cabelo. Já com Edvaldo foi apreendido um revólver calibre 32.

Nenhum morador soube dar detalhes sobre a vida de Edvaldo à polícia, restringindo os comentários a amizade que ele tinha com Tiago. O fato de ele portar uma arma despertou a atenção da Polícia Militar, que está fazendo escolta no Hospital do Trabalhador.

Assim que o IML deixou o local, uma cena comoveu quem ainda estava em frente ao salão de beleza. Calçando um chinelo de dedos e vestindo uma roupa simples, um garotinho de 10 anos aproximou-se dos policiais e pediu para apanhar o boné de Edvaldo, que estava jogado em meio a uma poça de sangue. O menino, que identificou-se como irmão do jovem baleado, pegou uma folha de jornal e embrulhou o objeto. Com o semblante triste, comovido pela tragédia, ele foi embora em silêncio, caminhando pela rua de terra com a sua bicicleta enferrujada e a lembrança do irmão, internado em estado gravíssimo.

Quanto a autoria do crime, mais uma vez a conhecida "lei do silêncio" se fez presente, motivada pelo medo que impera na violenta região do Guarituba, em Piraquara. O crime será investigado pela delegacia local.

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