Sem medo de ser identificados por passageiros que transitavam pelo terminal do Barreirinha, às 14h40 de ontem, dois homens em uma moto invadiram o local e dispararam mais de 15 tiros contra Ademar de Oliveira, 17 anos, matando-o.
Os bandidos foram surpreendidos por um policial militar que estava de folga e aguardava o ônibus num dos tubos do Ligeirinho.
Ao receber voz de prisão, a dupla reagiu e houve troca de tiros. Um dos homicidas foi atingido. Eles abandonaram a moto e fugiram num táxi que roubaram em frente ao terminal. Poucos minutos depois, dois suspeitos foram detidos nas imediações.
De acordo com o soldado Bezerra, do 12.º Batalhão da Polícia Militar, Ademar aguardava o ônibus quando os assassinos chegaram na moto Honda placa AMQ-4441 – sem alerta de furto – entraram e o chamaram pelo nome. Quando atendeu, Ademar levou os balaços de pistolas calibres 380 e ponto 40.
Do tubo do Ligeirinho, ao notar a confusão, um policial militar que voltava do serviço – e preferiu não ser identificado – tentou prender os criminosos. Sem contar com o flagrante, assustados, os bandidos começaram a atirar. Houve a reação do policial, que afirmou ter baleado um deles.
Assalto
Na fuga a dupla abandonou a moto e tomou um táxi em assalto. O taxista Antônio Pessoa, 61, contou que estava parado no sinaleiro, ouviu os tiros e a gritaria e viu pessoas correndo. Ele ainda pensou em acelerar para sair da confusão, porém foi impedido por um ônibus que cruzou sua frente. Em seguida, foi abordado pelos bandidos, que lhe apontaram uma arma e ordenaram que saísse do carro. Ele entregou o veículo, encontrado abandonado duas quadras adiante.
O bandido ferido deixou manchas de sangue dentro do táxi. ?Em 37 anos de praça, nada igual me aconteceu?, dizia Antônio, trêmulo e nervoso, que mesmo tendo presenciado tudo de forma muito rápida, ainda conseguiu descrever as vestes dos bandidos. Um deles estava de bermuda e sem camisa; e o outro vestia camiseta branca e calça.
?O de camiseta branca estava ferido no nariz, sangrando muito?, relatou o motorista.
Rone
Em poucos minutos, equipes da Ronda Ostensiva de Natureza Especial (Rone) já circulavam pelo bairro em busca de suspeitos, e detiveram Sérgio Adriano Bueno de Freitas, 33, e Rodrigo da Silva Carmelo, 25. Sérgio era o dono da motocicleta abandonada pelos homicidas no terminal. Policiais encontraram na casa dele uma pistola ponto 40 com apenas uma munição intacta – provável arma usada no crime -, além de uma cópia da chave da moto. Ao ser preso, ele dirigia um Fox placa BEJ-0284, estava acompanhado por Rodrigo, e portava duas carteiras de motorista, com números de identidades diferentes.
Há suspeita de que seja foragido da Justiça.
Sérgio, levado à Delegacia de Homicídios, disse que fazia um ano que tinha vendido a moto, mas não soube dizer porque ainda estava em seu nome. Já sobre as duas identidades, ele explicou que foi envolvido num caso de estelionato, e como sua identidade foi apreendida precisou tirar outro documento. Ele negou envolvimento no crime, mas como foi reconhecido por testemunhas, foi autuado em flagrante. O outro rapaz, depois de ouvido, foi colocado em liberdade.
O assassino ferido fugiu e não foi localizado. A família do rapaz assassinado não soube informar os motivos do crime, assegurando que Ademar não estava envolvido com drogas. O perito Antônio Carlos, do Instituto de Criminalística, verificou que a vítima levou 11 tiros pelas costas.