Há três meses, moradores de chácaras de São José dos Pinhais viviam em pânico por causa de uma quadrilha de assaltantes. Além de invadir e roubar as propriedades, o bando torturava as vítimas. No sábado, depois de cometer dois assaltos, cinco criminosos foram finalmente presos.
A prisão aconteceu assim que o grupo invadiu uma chácara e carregou um caminhão-baú com vários pertences dos moradores. Um vizinho viu a ação e avisou policiais da delegacia local, que alertaram a Polícia Rodoviária Federal. As principais saídas da cidade foram fechadas e, na BR 277, a PRF, junto com a Guarda Municipal, encontrou os bandidos. Arildo dos Santos Franco, 33 anos; Edson Luiz Gabardo, 31; Jeferson Luiz Gabardo, 25; Luiz Carlos da Rocha, 39; e Jeferson Alves de Lima, 20 estavam no caminhão e foram presos em flagrante.
Com a quadrilha, foram apreendidas três espingardas, dois revólveres, calibres 38 e 32. A polícia acredita que a quadrilha seja formada por pelo menos 10 bandidos, e não descarta a participação de mulheres. ?Já tínhamos feito reuniões com os moradores e alertado para nos avisarem quando vissem qualquer coisa suspeita?, disse o chefe de investigação da delegacia local, Altair Ferreira.
Chácaras
O foco da quadrilha era chácaras situadas em bairros da zona rural do município, como Roça Velha, Colônia Murici, Papanduvas, Colônia Malhada e Inhaíva, habitada em sua maioria por agricultores. Depois que souberam da prisão do bando, mais de 40 vítimas compareceram, ontem, na delegacia para fazer o reconhecimento. Em meio à revolta e ao alívio de ver os bandidos presos, eles relataram o que passaram nas mãos dos criminosos. Os assaltos começaram em outubro e, até a data da prisão, ocorreriam em uma seqüência assustadora. Estima-se que mais de 40 chácaras foram invadidas nesse período.
De acordo com Altair, parte do bando invadia a chácara, dominava os moradores e colocava os objetos no quintal. Em seguida, chegavam os comparsas com um caminhão fretado. Pelo menos um dos caminhoneiros identificado disse que não sabia que se tratava de roubo. ?Recuperamos um caminhão cheio de mercadorias, mas o restante deve estar espalhado nas casas de parentes dos bandidos, que serão vistoriadas nos próximos dias. Vamos verificar se outros fretes tinham envolvimento com a quadrilha?, disse o policial.
Álcool no corpo, fósforo na mão
Na maioria dos assaltos, os bandidos jogavam álcool nas vítimas e ameaçavam atear fogo. Eles também costumavam depredar a casa antes de fugir e abrir sacos de mantimentos, derramando-os pela residência. No dia 6 de dezembro, um homem, a esposa e o filho de 7 anos foram rendidos pelo bando durante duas horas. Além de riscar vários palitos de fósforo, os assaltantes quebraram pratos e obrigaram a família a se deitar sobre os cacos. O homem foi agredido com chutes e coronhadas. ?A gente pensou que ia morrer. Eles levaram tudo de dentro da minha casa, cortaram os pneus do meu carro e destruíram portas, paredes e os móveis?, contou a vítima.
No último assalto cometido pelo bando, eles renderam uma mulher de 51 anos, que, já temerosa com a onda de assaltos, relutou em abrir a porta. A vítima, que não conseguia andar direito devido a feridas nas pernas, foi agredida com chutes nos machucados. Sabendo da maneira como agiam, a mulher derramou a garrafa de álcool na pia, e, por pouco, não teve o corpo encharcado com gasolina. Os bandidos abriram sacos de arroz e espalharam o cereal pela casa. Enquanto isso, um jovem de 21 anos passava em frente a casa com a esposa e a sogra. Eles também foram espancados e trancados junto com a mulher em um quarto. Os bandidos levaram o tênis e a calça do rapaz.
?Antes de eles serem presos, nós estávamos em pânico. Tínhamos os telefones de todos os vizinhos e quando víamos um caminhão suspeito, ficávamos trancados dentro de casa. O medo agora é que eles sejam soltos e voltem para se vingar?, contou uma das vítimas.