Prisão “modelo” tem segunda fuga no ano

Uma falsa tentativa de rebelião camuflou a fuga de seis presos do Centro de Triagem de Piraquara, às 4h de ontem. Enquanto detentos da galeria B queimavam colchões e faziam barulho na grade, os da galeria C aproveitavam para cortar um vidro e ganhar o pátio do presídio. Quinze policiais serão investigados por suposta negligência.

O delegado titular do Centro de Triagem, Clóvis Galvão, está certo de que a ação foi previamente combinada entre os internos. Na galeria B, onde começou a falsa rebelião, ficam os presos considerados “em conflito”, que são ameaçados ou têm divergência com os demais. “O barulho foi feito para desviar a atenção dos plantonistas, enquanto a outra galeria era avariada”, disse o titular. Depois da fuga, o suposto motim acabou. Na galeria C, presos cortaram a porta de vidro que dá acesso ao solário. Por ali, seis deles escalaram as serpentinas (cercas de arame farpado) e ganharam as ruas.

Modelo

Conseguiram escapar João Moreira Cabral, 23, detido por tráfico, Isiomar Rosa, 24, Jorge Luiz de Lima, 31, e Erasmo Carlos dos Santos, 34 anos, por roubo, além de João Luciano Silvestre Alves, 27, e Roberto Gonçalves, 21, por furto. Até a tarde de ontem, nenhum deles havia sido recapturado.

O Centro de Triagem de Piraquara foi inaugurado em 4 de novembro do ano passado, apresentado como um presídio modelo em termos de segurança. Portas e portões são computadorizados -um abre somente quando o outro fecha – e há câmeras de vídeo monitorando todos os aposentos. Mesmo assim, oito detentos escaparam pelo pátio há 15 dias – até ontem, apenas três haviam sido recapturados. “Não é um presídio de segurança máxima, e sim um como outro qualquer. Há certa fragilidade estrutural que precisa ser corrigida”, aponta Galvão.

Funcionários sob suspeita

De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil, Jorge Azôr Pinto, a Divisão de Investigações Criminais está aguardando a descrição dos detalhes da situação, para dar início às investigações. “Em posse desse relatório, serão abertos dois inquéritos, um policial e outro de procedimento administrativo, que serão analisados junto à Corregedoria da Polícia Civil”, explicou.

No inquérito policial será averiguado se houve algum crime relacionado à fuga, como suborno. Já no administrativo, será verificado se houve negligência ou omissão por parte de algum funcionário. O caso será julgado pelo Conselho da Polícia Civil.

Negligência

Além disso, peritos do Instituto de Criminalística foram até o Centro de Triagem fazer o recolhimento das provas materiais, para posteriormente confeccionar o laudo que será anexado aos inquéritos instaurados.

O delegado Clóvis Galvão informou que todos os quinze policiais que estavam de plantão responderão a processo administrativo, mas continuam em serviço. “Se as normas de segurança forem adotadas corretamente, não há como permitir uma fuga. Está claro que houve negligência”, finalizou.

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