Polícia faz reconstituição da morte de casal neonazista

O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) realizou, na manhã desta quarta-feira (06), a reconstituição do assassinato do casal Bernardo Dayrell Pedroso, 24 anos, e Renata Waeschter Ferreira, 21, ocorrido na madrugada de 21 de abril, na BR-116, em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba. A reconstituição durou aproximadamente 40 minutos e contou com a participação do Instituto de Criminalística, Polícia Rodoviária Federal e Exército.

Os quatro suspeitos de ter matado o casal estiveram presentes na reconstituição. “Essa simulação apenas confirmou o que já havíamos constatado durante nossas investigações. Agora vamos esperar o laudo que deve ser encaminhado pelo IC e anexá-lo ao inquérito”, explicou Caricatti.

A reconstituição foi feita apenas no trecho em que o assassinato do casal ocorreu, próximo ao trevo de Quatro Barras. De acordo com o delegado, Jairo Maciel Fischer, 21 anos, Rodrigo Mota, 19, Gustavo Wendler, 21, e João Guilherme Correa, 18, mostraram como o assassinato do casal teria ocorrido. “Descobrimos que três tiros foram disparados contra Renata e não dois, como inicialmente o João Guilherme havia nos informado”, disse Caricatti. O terceiro tiro, segundo a polícia, ficou alojado no painel do carro em que o casal estava e não atingiu a garota.

“Com a reconstituição estamos chegando à fase final sobre investigação da morte do casal. O inquérito deve ser entregue à Justiça, até o início da próxima semana, mas, paralelamente a isso, investigamos o movimento neonazista a que os envolvidos pertenceriam”, afirmou.

Crime

Por volta das 2h30 de 21 de abril, Bernardo e Renata teriam saído de uma festa, em Campina Grande do Sul (RMC), na companhia de Rosana Almeida, 22 anos, para ir a Curitiba comprar cerveja e encontrar com o namorado dela, Gustavo, que estava trabalhando até então e iria voltar para a festa com eles. Rosana e Gustavo teriam brigado e o casal deixou a moça em casa e seguiu com Gustavo.

“Na verdade, a briga foi falsa e tudo já estava planejado. O papel de Rosana era ir até a festa com as vítimas, para identificar o carro em que estavam, atrai-los para fora da festa, de madrugada, e fingir que brigava com seu namorado para ficar em casa e ele seguir sozinho. Enquanto isso, desde que saíram para ir até a festa, Bernardo e Renata eram seguidos por Rodrigo, João Guilherme e Jairo, que se comunicavam com Rosana e Gustavo a todo instante”, relatou Caricati.

Depois de deixar Rosana em casa, as vítimas foram para um mercado com Gustavo, onde pararam para comprar cerveja. Em seguida, retornaram à festa. Em determinado momento, já na BR-116, Gustavo foi acionado pelos comparsas para que ele arranjasse uma desculpa e pedisse que as vítimas parassem o carro. Assim que isso foi feito, Rodrigo, João Guilherme e Jairo também pararam o veículo e abordaram Bernardo e Renata.

Segundo a polícia, eles estavam encapuzados, portavam armas e se passaram por policiais. “Nesse momento eles pediram que as vítimas saíssem do carro com as mãos para cima. Bernardo saiu e levou um tiro na cabeça e Renata, que não saiu do veículo, também foi atingida”, afirmou o delegado. Em seguida os quatro voltaram para Curitiba e se dispersaram.

De acordo com a polícia, todos os presos vão responder por homicídio qualificado e por formação de quadrilha e podem ser condenados a até 72 anos de reclusão. A polícia ainda investiga a participação deles em crimes de racismo e apologia ao crime.