Polícia Científica anuncia greve apartir de segunda

Revoltados com o descaso do governo estadual para com o plano de cargos e salários da Polícia Científica, peritos criminais, médicos legistas, químicos legais e toxicologistas decidiram entrar em greve geral a partir de zero hora de segunda-feira. Em uma assembléia realizada ontem à tarde, no auditório do Instituto Médico Legal, mais de 100 peritos e legistas decretaram estado de greve e desde então já não emitiram mais nenhum documento, como laudos ou resultados de perícias. Eles salientaram que, durante a greve, permanecerão somente à disposição da Justiça Eleitoral. “Atenderemos apenas os casos relativos a crimes eleitorais. Todos os outros ficarão sem atendimento”, afirmou o presidente da Associação de Peritos Criminais do Paraná, José Ricardo Fiedler.

Desde 1997 que os peritos tentam, junto ao governo, implantar o plano de cargos sem nenhum resultado. Atualmente, segundo Fiedler, um perito em fim de carreira, que tenha conseguido na Justiça o adicional chamado de “Tidão” (que se refere a 120% sobre o salário por dedicação exclusiva), ganha no máximo R$ 3.000,00. Delegados de polícia na mesma situação tem salários superiores a R$ 6.000,00. O perito que não tem o “Tidão”, ganha em fim de carreira cerca de R$ 1.700,00. “Nós queremos isonomia, afinal todas as nossas carreiras exigem terceiro grau. O governo ajustou o quadro geral, deu atenção aos pedidos da Polícia Militar e da Polícia Civil e nos abandonou. Como não houve sensibilidade por parte dele, nós resolvemos tomar uma atitude”, desabafou o perito.

Tudo parado

Caso o plano de cargos e salários não seja enviado à Assembléia Legislativa ainda hoje, para apreciação dos deputados, os peritos garantem que já na madrugada de segunda-feira nenhum atendimento será realizado em todo o Paraná. Em casos de assassinatos e acidentes com morte os corpos não serão recolhidos ao Instituto Médico Legal. Acidentes com feridos ficarão sem atendimento, assim como incêndios ou qualquer outra ocorrência que necessite de perícia criminal. Também não serão atendidos casos de lesões corporais, conjunção carnal, dosagem alcoólica, exames toxicológicos e outros.

“Talvez desta forma, com o não atendimento, o governo entenda a importância da Polícia Científica e nos respeite um pouco mais”, afirmou Fiedler. Está marcada para hoje, às 17h, uma nova reunião de peritos no auditório do IML, para avaliar a situação e organizar os procedimentos para a greve.

Mara Cornelsen

Decepção para policiais civis

Enquanto os peritos criminais se mobilizam e preparam uma greve para o início da semana, policiais civis de todo o Estado que recentemente comemoraram o readequamento das carreiras, que colocou todos os investigadores e escrivães num mesmo nível salarial (respeitando as classes e o tempo de serviço), tiveram suas perspectivas frustradas, já que tudo o que lhes foi prometido só será pago a partir de janeiro do ano que vem. Eles contavam com os novos salários – em alguns casos o reajuste chegaria a 41% – já para setembro. Porém em uma reunião com o secretário da Administração, Ricardo Smijtink, marcada inclusive para agradecer o encaminhamento do plano de cargos e salários da Polícia Civil, souberam que este ano não seriam contemplados com nada.

“Foi uma surpresa desagradável”, afirmou ontem Wilson Villa, presidente da União da Polícia Civil do Paraná. Mesmo assim, ele e outros líderes das categorias policiais pretendem continuar dialogando com o governo, para tentar reverter a situação. “Nós ainda vamos tentar um acerto político, que agrade a todos”, afirmou ele. De acordo com Villa, está ocorrendo um erro no entendimento dos ganhos dos policiais civis. “Nós não recebemos nenhum aumento salarial. Foi pura e simplesmente um readequamento, onde aqueles que ganhavam menos tiveram seus salários igualados aos que ganhavam um pouco mais. Tem muita gente que não recebeu nem um centavo de aumento. Outros porém, vão receber reajustas de até 41%, pois ganhavam menos que os colegas que tinham a mesma função e tempo de serviço”, explicou o presidente.

Os policiais civis também temem que o novo governo a ser eleito não venha a cumprir com o compromisso assumido com a classe, alegando falta de dinheiro. “Vamos conversar com todos os candidatos a governador sobre este assunto”, disse ele.

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