PIC reabre inquérito da morte de Miguel Donha

Depois de dois anos e meio, volta à tona o caso do assassinato de Miguel Siqueira Donha, ocorrido em janeiro de 2000. Donha era diretor da Corretora de Seguros Banestado e candidato a prefeito em Almirante Tamandaré, onde residia. A Promotoria de Investigação Criminal (PIC) reabriu há poucos meses o inquérito, que havia sido encerrado pela Delegacia de Homicídios. Nesta nova fase de investigações, teriam sido descobertas implicações políticas que conduzem à quadrilha organizada de Almirante Tamandaré.

O advogado Amadeu Geara, assistente de acusação da PIC no caso, promete revelar novos detalhes hoje. Ele adiantou que um segundo autor do crime foi detido, mas não revelou o nome, e afirmou não ter dúvida de que o crime foi encomendado por motivação política.

Baleado

Miguel Donha foi morto por dois homens que o renderam na chácara onde residia, em 22 de janeiro de 2000. Os bandidos levaram a vítima e a esposa no carro dele. Em determinado ponto da estrada para Rio Branco do Sul, a mulher foi deixada. Mais adiante, em Itaperuçu, Donha levou um tiro na perna e foi abandonado. Os criminosos levaram o relógio de pulso da vítima.

Donha não resistiu ao ferimento, perdendo muito sangue pela artéria femural, e acabou falecendo no hospital de Rio Branco, para onde foi levado depois que um lavrador o encontrou.

Três semanas depois do crime, a polícia apresentou o mecânico Edson Faria, na época com 19 anos, como autor do crime. Acompanhado pelo advogado Leonel Siqueira e por Amadeu Geara, na época presidente do PPS (Partido Popular Socialista) – mesmo partido pelo qual Donha concorria à prefeitura de Tamandaré – o rapaz disse à imprensa que havia sido contratado não para matar, e sim para “dar um susto” na vítima. Faria apontou Antônio Martins Vidal, o “Tico Pompílio”, como a pessoa que o contratou. O pagamento prometido pelo serviço seriam 300 reais e um cargo na prefeitura de Tamandaré, disse o acusado. Edson Faria, atualmente, está foragido da cadeia de Rio Branco do Sul.

“Tico Pompílio” era motorista da prefeitura. Ele foi preso há três meses pela equipe da delegada Vanessa Alice, acusado de envolvimento com a quadrilha de extermínio de Tamandaré. No mesmo caso estão envolvidos policiais civis e militares do município. Dezenove pessoas foram presas a partir das investigações da delegada Vanessa.

Política

Na época do assassinato de Miguel Donha, “Tico Pompílio” negou tudo. Para o advogado Amadeu Geara, não há dúvida de que o crime foi político. “O então prefeito era o César Manfron, que se reelegeu. O Donha concorria por uma coligação de oposição que estava crescendo e assustando o Manfron”, disse ontem Geara, que promete novas revelações para hoje. O advogado contou que o assassinato de Donha foi investigado pela Delegacia de Homicídios, em Curitiba, e não pela polícia de Tamandaré porque na época a delegada titular do município era Delair Manfron, tia do prefeito e do irmão dele, Azemir Manfron, que também estaria envolvido no caso.

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