Quatro dias depois do duplo homicídio de John Lenon Rodrigues de Oliveira e Marllon Dias da Silva, ambos de 18 anos – apontados como integrantes da Gangue Comando do Extermínio (CDE) – o São Braz vive momentos de apreensão.
As pessoas andam apressadas e evitam circular à toa, porém, desde o final de semana, nenhuma morte ou ferimento por arma de fogo foi registrado na região. A paz, que temporariamente prevalece, não é a mesma vista nas páginas do site de relacionamento Orkut, onde os integrantes dos bandos publicam uma enxurrada de recados maldosos.
De acordo com a Delegacia de Homicídios (DH), a morte dos rapazes está sendo investigada, mas as pessoas têm medo de dar detalhes do crime e principalmente sobre os autores.
“Precisamos de provas, de testemunhas. As pessoas podem ligar anonimamente, ou até mesmo vir até a delegacia e depor em sigilo”, disse um policial. Segundo ele, não é a investigação que é lenta e sim a falta de informações por parte da família, amigos e vítimas que torna o processo mais moroso.
Ameaças
Os integrantes das quatro gangues mais conhecidas, Comando do Extermínio (CDE), Campina, do Campina do Siqueira, Vila do Sapo (VDS) e Sapo Louco, se denominam todos como zona norte, contudo, brigam entre si.
“Um dos crimes aconteceu porque uma garota se envolveu com um rapaz que não morava na vila, o outro, porque o membro de uma gangue invadiu o território da outra”, explicou um policial que trabalha no caso. “São motivos fúteis, que foram ‘turbinados’ por conta do consumo de drogas e pelo domínio do tráfico na região”, completou.
As ameaças no Orkut são feitas geralmente por adolescentes que necessitam de artifícios para se auto-afirmar. Alguns ilustram suas páginas com fotos de armas, outros fazem apologia às drogas, mas o que eles têm em comum são as possibilidades de se tornarem vítimas dessa intolerância.