Passeata em Curitiba cobra agilidade da polícia

Revoltados com a falta de resposta da polícia para crimes que mataram amigos e parentes, manifestantes se aglomeraram na Praça Santos Andrade, no centro de Curitiba, na manhã de ontem, e realizaram uma passeata que terminou na Praça Osório. Reunidos em frente à escadaria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), cerca de 100 protestantes reivindicaram agilidade e interesse das autoridades nas investigações policiais e clamaram por paz e justiça. Fizeram-se presentes familiares e conhecidos de aproximadamente dez vítimas de crimes diferentes, cujas mortes ainda permanecem sem solução.

Dentre os diversos participantes, estavam parentes de Valdir Tomaz Faria e William Thomas Castilho dos Santos. Os dois foram mortos no dia 15 do mês passado, quando três indivíduos invadiram e assaltaram o ônibus de turismo em que estavam, na BR-476, no Bairro Alto. Nesse assalto, também foi assassinado o motorista Gilson do Carmo Moreira. Um mês após o trágico episódio, ninguém foi preso. ?A polícia diz que tem uma linha de investigação, mas não tem nada de concreto?, lamentou Tamara, namorada de William, que tinha 23 anos. Segundo testemunhas, o jovem foi morto porque teria ficado nervoso durante o roubo. Bastante emocionada, Lindaura, mãe de Valdir, também lamentou a falta de informações. ?Há duas semanas, fui na delegacia e eles disseram que as investigações estão correndo em segredo de Justiça?, contou. Valdir tinha 37 anos, era o guia do ônibus e, após o crime surgiu o comentário de que ele havia sido morto porque os bandidos o reconheceram. ?Agora, a polícia já fala diferente. Estão dizendo que as 40 testemunhas no ônibus não viram muito bem o que aconteceu?, disse a mãe do guia.

Instrutor

Também segue sem resposta a morte do instrutor de auto-escola Ulisses Luz dos Santos, que tinha 32 anos. Morto com quatro tiros no peito, no bairro Cajuru, em julho deste ano, ele teve sua bicicleta e alguns pertences roubados pelo assassino. Apesar da tristeza, Josiane, irmã de Ulisses, ainda acredita na polícia. ?O pessoal do bairro sabe quem foi, mas tem medo de denunciar?, disse. O latrocínio (roubo com morte) está sendo investigado pela Delegacia de Furtos e Roubos.

Porém, não apenas as mortes recentes foram lembradas durante o protesto. A família de Alexandre Lima Morais ainda espera a solução do crime que tirou a vida do jovem de 20 anos, em maio do ano passado, em Colombo. ?Até hoje, a polícia não foi atrás, tem suspeitos mas eles não são intimados. Levamos algumas testemunhas até a delegacia, mas o delegado não se interessou em fazer sequer o retrato falado?, reclamou Neri Moraes, pai da vítima. Alexandre era estudante universitário e trabalhava no Detran. Ele foi morto com um golpe de faca no pescoço quando voltava para casa, no Jardim Monza.

Movimento

Além das reclamações contra a falta de empenho das autoridades, alguns protestantes também comentaram sobre questões polêmicas. Uma das organizadoras da passeata, Elisabeth Metynoski, pede que seja realizado um plebiscito pela redução da maioridade penal. ?O menor mata, rouba e não acontece nada. É preciso mudar as leis?, criticou. Elisabeth é criadora do Movimento Giorgio Renan por justiça, desenvolvido após a morte de seu filho, Giorgio, de apenas 10 anos. O garoto foi morto em maio de 2002, quando um menino de 14 anos atirou em seu pescoço com uma espingarda calibre 12. 

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