Policiais da Delegacia de Vigilâncias e Capturas (DVC) prenderam, anteontem, Anderson Clayton Rampa Barbosa, procurado por espancar até a morte, junto com outros quatro comparsas, Alcides Cândido de Oliveira, 47 anos, no Fazendinha, em maio de 2001. O homem foi preso enquanto trabalhava como instalador de telefonia, no Tatuquara. Este é apenas um, dos 41 mil mandados de prisão que a DVC tem para cumprir, em todo o Paraná. Um número considerado alto, já que corresponde a 71% da população carcerária do Estado.
Esta quantia de mandados cedidos pela DVC, porém, não bate com os dados do Banco Nacional de Mandados de Prisão, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que afirma que o Paraná tem 28.351 mandados em aberto. Luiz Carlos de Oliveira, delegado titular da DVC, não soube explicar o porquê da diferença. Mas defendeu que o seu banco de dados é atualizado diariamente e que inclui não somente mandados de processos criminais, mas também de processos da área cível, todos da Justiça estadual. “Assumimos a delegacia há pouco mais de uma semana. Logo que entrei, solicitei o levantamento. E é o que temos para cumprir”, afirmou o delegado.
Muito ou pouco?
Para saber se o Paraná tem muitos ou poucos mandados de prisão, o Paraná Online utilizou exclusivamente os dados do CNJ, tanto de quantidade de mandados em aberto (mandados dos tribunais de Justiça estaduais), quanto de população carcerária.
Analisando as quantias absolutas, o Paraná é o quinto estado com maior quantidade de mandados a cumprir (28.351). Só fica atrás de São Paulo (108.288), Minas Gerais (46.008), Rio de Janeiro (37.046) e Pernambuco (36.559).
No entanto, quando a quantidade é comparada à população carcerária de cada estado, o Paraná fica em 11.º lugar. Por este aspecto, a mesma quantia que o estado tem de presos, tem de mandados a cumprir. Acima do Paraná há 10 estados em situação pior, com mais foragidos do que presos. Nos outros 15 estados e no Distrito Federal, a relação é inversa, ou seja, há menos foragidos do que presidiários. O estado que tem menos mandados a cumprir é Alagoas (171), que corresponde a apenas 6% de sua população carcerária (2.531 presos).
Primeiro os condenados
Com a prisão de Anderson Clayton Rampa Barbosa, anteontem, o delegado Luiz Carlos de Oliveira, da Delegacia de Vigilância e Capturas (DVC), deu início à Operação Cadeia, para tentar diminuir um pouco os mandados pendentes. Ele explicou que dividirá o trabalho por crimes, iniciando com homicidas já condenados, ou seja, aqueles que já foram a júri e não há mais nenhum recurso possível na Justiça.
“É uma forma de sermos solidários aos familiares das vítimas, já que não temos como trazer estas pessoas de volta. Prendendo os autores, que já foram julgados e estão foragidos, pelo menos trazemos a resposta que a família precisa para ficar em paz”, explicou o delegado.
Depois, serão presos os traficantes de drogas. Mas não são somente os mandados de processos criminais que entrarão nesta fila. Mandados por falta de pagamento de pensão alimentícia, que são da área cível, por exemplo, também entrarão no cronograma.
A operação começa em Curitiba, mas deve passar por Foz do Iguaçu, Cascavel, Maringá, Londrina e outras cidades do Estado. Denúncias de foragidos podem ser passados pelos telefone 190 e 181 (da Polícia Militar) ou 3815-3004 (da DVC).
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| Anderson vai direto pro presídio. Foto Aliocha Maurício. |
Grupo de homicidas
Com a prisão de Anderson Clayton Rampa Barbosa, falta a polícia encontrar Antônio Carlos Biscoravaine, que continua foragido., Os outros três envolvidos no assassinato de Alcides Cândido de Oliveira, 47 anos, já foram presos.
O crime aconteceu depois que Alcides teria solicitado silêncio ao grupo que escutava som, em terreno próximo a casa dele. Houve discussão e Alcides foi agredido até a morte. Na época, testemunhas contaram que mais de 30 pessoas participaram do assassinato. Mas apenas cinco – entre eles dois adolescentes – foram julgados e condenados.