Violência

Pais que pediam justiça pela morte do filho são baleados

Três assassinatos, uma tentativa de homicídio e um achado de cadáver foram registrados em Piraquara, em apenas 24 horas. Todos os casos ocorreram no Guarituba, entre a tarde de sábado e o início da tarde de ontem. O caso mais chocante aconteceu no final da noite, quando um casal foi baleado dentro de casa logo após voltar da igreja.

O jardineiro Osni Martins, 45 anos, levou um tiro na barriga e morreu na hora dentro da residência, na Rua Tereza Liberato Ricardo, que corta a Rua Betonex, na Planta Vera Cruz.

Mesmo atingida com pelo menos quatro tiros, a mulher dele, Olívia Sales Barros Monteiro, 53, foi encaminhada ao Hospital Cajuru, onde permanecia internada até ontem.

Chamado

Os soldados Marcelo e Mendes, da Polícia Militar, foram acionados por volta de 22h50 para atender à ocorrência. Segundo informações de familiares do casal, Osni e Olívia haviam acabado de chegar da igreja, quando uma pessoa bateu à porta. A pessoa dizia que queria falar com a dona Olívia, sobre homem conhecido como “Paulinho” que estaria morrendo.

Em entrevista à Rádio Banda B, o irmão de Olívia, que estava na casa, contou que Osni abriu a porta e levou um tiro fatal na barriga. Segundo informações da PM, Olívia foi ferida com três tiros no peito e um nas costas e foi encaminhada pelo Siate em estado grave ao Hospital Cajuru.

Investigação

Parentes contaram no local do crime que Olívia pode ter sido vítima de vingança. Conforme comentários no local, seu filho morreu no ano passado, no Jardim Holandês, porque estaria devendo para traficantes.

Depois do episódio, a vida se Olívia se resumiu em pedir justiça pela morte do filho. Por conta disso, a polícia não descarta que a mesma pessoa que ordenou a morte de seu filho esteja por trás de mais esse crime.

Socorro pelo celular

A primeira vítima da violência que tomou conta de Piraquara, entre sábado e domingo, foi o foragido Altair Romoaldo, 44 anos, encontrado morto no banheiro de sua residência por volta de 13h30 de sábado, na Rua São João Batista, Guarituba. Além de levar três tiros, a vítima foi degolada.

Os marginais não pouparam nem o cachorro que estava na casa, morto com um tiro, no portão da residência. Segundo informações da Polícia Militar, antes de morrer, Altair teve tempo de mandar uma mensagem para o telefone celular da esposa com a palavra “polícia”, provavelmente um pedido de socorro.

Quando a polícia chegou ao local, encontrou o cachorro ainda agonizando. Por conta disso, é possível que Altair tenha sido ferido ainda no portão e correu para dentro de casa, onde tentou se esconder no banheiro, mas foi alcançado pelos algozes.

Suspeitas

De acordo como o perito Carlos Henrique, do Instituto de Criminalística, havia sinais de arrombamento na porta do banheiro. Depois de levar dois tiros na cabeça e um no peito, Altair ainda teve o pescoço cortado.

Para o perito, o crime tem traços de vingança. O fato de ter sido degolado indica que ele pode ter dedurado algum comparsa. Altair era evadido da Colônia Penal Agrícola (CPA), em Piraquara.

Acorrentado e jogado no rio

Na Rua Jani Rangel, paralela à Rua Tereza Liberato Ricardo onde morava o casal baleado na noite de sábado, um rapaz, sem documentos, aparentando 25 anos, foi assassinado com um tiro na cabeça. O corpo da vítima foi localizado por volta de 6h30 de ontem.

Os soldados Marcelo e Mendes se depararam com o jovem, de pele branca, cabelos e olhos castanhos, quase 1,70 metro e 60 quilos, usando apenas calça jeans. De acordo com os policiais, moradores da região disseram já ter visto o rapaz caminhando pelas redondezas, mas ninguém soube informar seu nome.

Água

Horas depois, o corpo de um adolescente, com idade entre 15 e 18 anos, com as mãos acorrentadas foi encontrado, boiando no canal extravasor, a cerca de 300 metros da rodovia João Leopoldo Jacomel, também no Guarituba.

O,s bombeiros foram chamados por volta de 12h30 e quando chegaram o cadáver já havia sido arrastado pela correnteza. Populares o resgataram até a margem justamente no final da Rua Tereza Liberato Ricardo. “O corpo ia continuar na correnteza se ninguém o tivesse encontrado”, disse o subtenente Brasil, do Corpo de Bombeiros.

O perito do Instituto de Criminalística constatou que as mãos do adolescente estavam amarradas para trás com corrente e cadeado, indicando que ele foi assassinado e jogado no rio. No entanto, a perícia não detectou nenhum ferimento no corpo.

“Acredito que ele tenha morrido há quatro ou cinco dias, por isso é difícil constatar ferimentos”, avaliou o subtenente. A causa morte será apurada apenas com exames do Instituto Médico-Legal (IML). A vítima vestia calça jeans, camiseta preta e estava de tênis.