Pai-de-santo condenado a 54 anos

Cinqüenta e quatro anos e oito meses de reclusão em regime fechado, a serem cumpridos na Penitenciária Central do Estado, em Piraquara. Esta foi a condenação imposta pela 2.ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba, ao pai-de-santo Osni Noronha, acusado de ter matado os dois filhos – Lucas, de 4 anos, e Maria Clara, de 2 – e o cunhado Fernando Pilatti, de 22. Ele também foi condenado pela tentativa de homicídio praticada contra Elone Maria Walter, mãe de sua ex-amante. Ao ouvir a sentença, Osni limitou-se a repetir o que já havia dito durante todo o interrogatório a que foi submetido: “Eu não matei meus filhos”.

Enquanto o réu deixava o plenário algemado, Elone e a filha, Carla Pilatti (mãe das duas crianças mortas), abraçaram-se comovidas. “Esperei quatro anos por este momento. Eu sabia que iria ser feita Justiça”, disse Carla, chorando bastante. Elone também não escondia sua emoção e festejava com parentes e amigos o que considerou uma “vitória”. “Ele merece ficar preso o resto da vida”, disse ela.

Julgamento

Depois de adiado por seis vezes, o julgamento de Osni durou 23h, tendo iniciado às 9h de quinta-feira e se encerrado 18h de ontem, com um intervalo para descanso durante a noite. Era grande a expectativa em torno do desfecho do caso, uma vez que o assassinato das duas crianças, ocorrido em dezembro de 1998, comoveu a opinião pública.

A sessão foi presidida pelo juiz Rogério Etzel. Atuou na promotoria Lúcia Inez Andrich e na assistência de acusação Beno Brandão. A defesa do pai-de-santo esteve a cargo do escritório jurídico de Cláudio Dalledone Júnior. O defensor afirmou que irá recorrer da sentença, uma vez que em seu entender, a condenação de Osni pela morte das crianças é injusta. “A decisão é totalmente contrária à prova dos autos”, afirmou.

Confissão

Durante os debates, a defesa chegou a admitir que Osni realmente matou Fernando Pilatti e atirou em Elone, porém não teria atirado contra os dois filhos. Os jurados não aceitaram esta tese e o condenaram pelos três homicídios, além da tentativa. Pela morte de cada criança o juiz penalizou o pai de santo com 17 anos e 4 meses de reclusão. Pelo assassinato de Fernando a pena foi de 12 anos e pela tentativa de homicídio contra Elone foram mais 8 anos, totalizando 54 anos e oito meses.

Carla e Osni foram amantes durante vários anos – ele é casado e nunca abandonou a família – até que ela quis romper o relacionamento. De comportamento violento, passou a ameaçá-la e dizia que se não ficasse com ele, não ficaria com mais ninguém. No dia do crime, depois de mais uma discussão por causa da pensão alimentícia que Carla pedia para as crianças, insistindo em não ter mais nenhum tipo de relacionamento amoroso com ele, Osni sacou de uma arma e atirou contra toda a família, fugindo em seguida. Ele se apresentou à polícia uma semana depois e desde então está preso.

Voltar ao topo