De assassino a vítima

Novo laudo do IML inocenta acusado de matar namorada

O espanhol Fernando Agustín Garcia Rodriguez, executivo de uma grande empresa de telefonia em Curitiba, foi absolvido da acusação de homicídio contra a namorada. O médico-legista disse que Carolina Paschoal foi morta por asfixia mecânica, porém outras duas perícias apontaram que ela morreu por ter inalado monóxido de carbono, devido ao aparelho de aquecimento a gás do apartamento do espanhol estar com defeito.

Em 9 de abril o casal, que estava junto há aproximadamente seis meses, voltou de uma viagem a Morretes e foi para o apartamento que Fernando alugava, na Rua Carneiro Lobo, Batel. Lá Carolina teria ficado na sala, vendo televisão e mexendo no computador, e Fernando teria ido dormir. Na manhã seguinte, Fernando acordou passando mal. Carolina estava ao seu lado, na cama. Ele foi ao banheiro e quando voltou ao quarto, percebeu que a moça estava morta.

Laudo

O legista informou à Delegacia de Homicídios que Carolina teria sido morta por asfixia mecânica. Dias depois, entretanto, exame mostrou que ela tinha 63,25% de monóxido de carbono na corrente sanguínea. De acordo com o advogado de Fernando, Eduardo Miléo, com 50% do monóxido no corpo uma pessoa já poderia morrer. O advogado contratou um legista de São Paulo, que descobriu que as marcas no pescoço de Carolina foram feitas durante a necropsia, pela falta de cuidado.

Apesar de sempre dizer que não tocou em Carolina na noite da morte dela, Fernando ficou cinco dias preso, por causa da primeira informação do médico legista. Quando solto, porém com o passaporte recolhido e impedido de viajar, ele voltou a viver no apartamento no Batel, e passou mal cinco vezes.

Intoxicação

Nas primeiras vezes que buscou um hospital, sabendo da acusação de homicídio, a equipe médica pensou que ele tivesse crises de estresse. Posteriormente, descobriram que o equipamento de aquecimento a gás estava com defeito e o mal-estar era causado pelo monóxido de carbono. Carolina, por ser menor do que Fernando e ter permanecido na sala, mais perto da área de serviço, onde fica o equipamento, não resistiu.

“O médico legista que atendeu o caso foi irresponsável e irá responder por isso junto ao Conselho Regional de Medicina. A incompetência deste profissional destruiu a vida do meu cliente e quase causou sua morte”, afirma Miléo. Carolina deixou uma filha.