MPE se cala sobre arapongas

O Ministério Público Estadual (MPE) informou que não irá comentar o conteúdo da reportagem, divulgada ontem, pelo jornal Gazeta do Povo, a respeito de grampos supostamente praticados pelo policial civil Délcio Augusto Razera, preso desde o início do mês, contra pessoas do alto escalão do governo. De acordo com o jornal, um documento enviado anonimamente à redação inclui gravações que dão conta que secretários de Estado e dirigentes de órgãos públicos tiveram suas ligações interceptadas.

O subprocurador-geral de Justiça do MPE, Luiz Eduardo Roncaglio, recebeu o material, conforme prometido pelo departamento jurídico do jornal, e informou que analisará para onde encaminhá-lo – provavelmente à Promotoria de Investigação Criminal (PIC), que já investiga o caso Razera.

O advogado de Délcio Razera, Luiz Fernando Comegno, disse ontem que as gravações enviadas à Gazeta não foram feitas por seu cliente. Ele alega que Razera nunca teve aparelho que fizesse interceptação de telefones celulares. ?Só existe um desses em Curitiba, que é de uso compartilhado entre a Polícia Federal e a PIC.? Segundo ele, a informação de que o documento tratava de ligações feitas via celular foi repassada pela própria reportagem. ?É um aparelho caríssimo, que custa em torno de R$ 1,5 milhão.? O coordenador da PIC, Paulo Kessler, informou que não comentará qualquer declaração feita pelo advogado. A Polícia Federal, no entanto, nega o compartilhamento de seus aparelhos usados para investigações com qualquer outro órgão.

Quebra

No que se refere ao pedido de quebra do sigilo telefônico de quatro jornalistas envolvidos na cobertura do caso Razera por parte da coligação Paraná Forte, do candidato Roberto Requião, o MPE informou que recebeu ontem a documentação que vincula o advogado que entrou com o pedido, Cezar Ziliotto, à coligação, exigida como condição para a análise do pedido – o que deve ser feito a partir de agora. A solicitação havia sido feita no início desta semana.

?Fala que te escutamos?

Segundo a reportagem da Gazeta do Povo, foram interceptados telefonemas dos secretários estaduais licenciados da Fazenda, Heron Arzua, do Desenvolvimento Urbano, Renato Adur, e da Comunicação Social, Aírton Pissetti; do deputado federal Max Rosenmann (PMDB) e dos estaduais Miltinho Puppio (PSDB), Nélson Garcia (PSDB), Antônio Anibelli (PMDB) e Mário Sérgio Bradock (PMDB); do presidente do GPP, Paulo Pimentel, que teve suas ligações grampeadas quando ocupava a presidência da Copel – cargo que deixou em janeiro de 2005 -; do procurador-geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda, do ex-presidente da Cohapar, Luiz Cláudio Romanelli, e do presidente da Sanepar, Stênio Jacob.

Voltar ao topo