Morre mais um baleado pela PM

Outra pessoa baleada pela Polícia Militar morreu ontem de manhã, no Hospital Cajuru, elevando para seis o número de mortos este mês, durante confrontos ou ações malsucedidas de policiais militares. Denilson Mateus Feitosa, 22 anos, estava internado desde o dia 17, após trocar tiros com policiais durante assalto a uma pizzaria, no bairro Santa Cândida. Os dois outros acusados do roubo também foram feridos e morreram horas depois.

A família disse não saber detalhes do assalto. Denilson permaneceu consciente até 24 horas após ter recebido dois tiros na barriga. Depois entrou em coma. “Perguntamos por que ele havia feito aquilo. Ele só respondia que não, com a cabeça”, contou a tia Silvia Regina Moreira. Segundo os parentes, o rapaz passou um mês e meio na cadeia de Colombo, acusado de cometer um assassinato em julho de 2003, no Jardim Paloma. Ele estava em liberdade condicional.

Assalto

De acordo com a Polícia Militar, Denílson, Edson Dobins, 17, e Adilson dos Santos, 25, cabo do Exército, tentaram assaltar uma pizzaria na Rua Fernando de Noronha, Santa Cândida, às 22h do dia 17, uma quarta-feira. Integrantes do Regimento de Polícia Montada (RPMont) faziam ronda na região e deram voz de prisão ao trio. Os acusados fugiram num Passat e foram interceptados no Parque São Lourenço, onde houve o tiroteio. Edson e Adilson morreram antes de chegar ao Hospital Cajuru. Parentes de Denílson confirmaram que os outros dois eram amigos dele.

O caso amplia a estatística recente da Polícia Militar: seis mortes no mês de dezembro, somente em Curitiba. Além de quatro acusados de roubo, foram fuzilados um estudante de Medicina – confundido com bandidos por policiais rodoviários estaduais – e um rapaz de 19 anos que estava dentro de casa.

IPM investiga execução

O possível envolvimento de policiais militares no assassinato de Ednaldo da Cruz, 19 anos, morto dentro de casa na madrugada de sábado, começou a ser investigado ontem, pela Polícia Militar. Segundo o coronel Daniel Alvez de Carvalho, oficial responsável pelas diligências, a primeira providência tomada foi a instauração do inquérito policial militar, que deverá ter as investigações concluídas dentro de um mês.

A denúncia de que PMs estariam envolvidos no crime partiu da avó da vítima, Maria Ferreira da Cruz, 57 anos, que afirmou ter visto duas viaturas e quatro PMs na casa do neto, naquela madrugada. Ela descreveu as características físicas dos homens, mas não soube informar o prefixo dos carros. A partir dessas informações, a Polícia Militar apurou os nomes dos policiais que haviam estado naquela região e afastou os quatro homens suspeitos. Segundo o coronel, os nomes não serão divulgados até que as investigações sejam concluídas. As quatro armas dos policiais foram recolhidas e encaminhadas à perícia, para exame de balística, que deverá comprovar se os projéteis encontrados no corpo de Ednaldo foram realmente deflagrados pelos revólveres dos PMs. As viaturas usadas pelos acusados também serão encaminhadas à perícia.

Agilidade

De acordo com o comandante-geral da Policia Militar do Paraná, David Antônio Pancotti, a polícia técnica será fundamental nas investigações, já que foi solicitado aos profissionais do Instituto de Criminalística agilidade máxima nas perícias. “Um oficial da corporação foi nomeado para presidir as investigações. Depois que o inquérito interno da Polícia Militar for concluído, será encaminhado ao Ministério Público, que terá a incumbência de determinar se os acusados serão julgados pela Justiça comum ou pelos tramites internos da Polícia Militar”, explicou.

Crime

Ednaldo foi morto com dois tiros, às 4h30 da madrugada de sábado, dentro da casa onde morava, na Rua Aristides Borsato, Jardim Estrela, Fazendinha. No momento em que os policiais teriam atirado, a irmã de Ednaldo ouviu os disparos e acordou a avó deles, que mora ao lado da casa do rapaz. Ao chegar no local, Maria Ferreira viu uma viatura da Policia Militar e dois policiais, um dentro da casa e outro na porta. Somente depois que eles foram embora, a mulher conseguiu ver o neto, que agonizava na cama. Ele foi levado ao Hospital do Trabalhador, mas não resistiu aos ferimentos.

Cerca de 20 minutos depois, outros dois policiais foram vistos pelos vizinhos no local. Segundo informações da Policia Militar eles teriam sido chamados para atender uma ocorrência de briga que acontecia em outra casa, na mesma rua onde o rapaz morava. A dúvida é por qual motivo os policiais invadiram a casa de Ednaldo, já que ocorrência que eles foram atender acontecia nas imediações.

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