Moradores do Parolin ficam mais tranqüilos

Após a grande operação que aconteceu na Vila Parolin, deflagrada pela Secretaria de Segurança Pública, na última quinta-feira, moradores do local sentem-se aliviados com a presença intensa da polícia pelas ruas do bairro. Uma moradora, que quis apenas se identificar como Júlia, conta que antes deixava aberto seu carrinho de cachorro quente no máximo até as 22 horas.

"Agora dá para ficar mais um pouquinho", conta. Porém ela não quis dar maiores detalhes sobre a "paz" na região, colocando em prática a lei do silêncio.

Já a moradora Marta dos Santos, que chega do trabalho por volta das 19h, diz que está bem mais tranqüila. "Mesmo com a molecada pelas ruas fazendo arruaça e cheirando cola, graças a Deus, nunca ninguém mexeu comigo. Mas agora, com a segurança da polícia por aqui, os marginais nem aparecem pela rua", diz Marta, que voltava do trabalho tranqüilamente, com a filha pequena.

Cerca de 700 policiais civis e militares participaram da operação que mantém efetivo menor no local. Confira no gráfico os saldos da "limpa" feita na Vila Parolin.

Morador mostra indignação e protesta

A megaoperação desenvolvida pela polícia na favela do Parolin também levantou protestos. O motorista Ivonei Silva foi uma das pessoas que teve a casa revistada pelos policiais na manhã de quinta-feira, às 6h, conforme ele relatou em uma carta entregue na redação da Tribuna. A carta é endereçada ao governador Roberto Requião e ao secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari.

"Sabe governador, eu e minha família fomos julgados e condenados culpados por morar em um bairro pobre (…) em morar em um lugar que a sociedade enche a boca para chamar de favela, mas é a favela que elege a maioria dos candidatos", escreveu, dando um tom político à denúncia, reforçado em outras partes do documento.

Em seu relato, Ivonei acusa policiais do Cope de terem invadido sua residência sem respeitar sua família. Diz que foi deixado seminu na rua, ao lado de seu irmão e teve seus direitos desrespeitados: "Senti-me humilhado, com minha moral abalada, sem contar com o lado psicológico que vai demorar alguns dias voltar ao normal, senti vergonha de ser pobre. Apresentaram um mandado de busca e apreensão apenas com meu endereço, sem destinatário, alegaram que ali foi feita uma denúncia de ponto de vendas de drogas e armas, que era um lugar que já estava sendo investigado pela promotoria pública". "Não sou contra as operações do governo para combater a violência e sim a forma e seus critérios, sem uma investigação das denúncias. Se existe um serviço de inteligência do governo, (…) porque não usaram todos esses equipamentos para grampearem meu telefone e fazer escutas, porque policiais à paisana não filmaram a minha casa para ver o movimento que tem a moradia", finalizou Ivonei.

Bairro ganhará revitalização

Após a megaoperação que aconteceu no Parolin, na última quarta-feira, algumas coisas ficaram muito claras aos diversos órgãos municipais e estaduais: o local não necessita só de segurança, mas também de ações sociais que desenvolvam a região. Por esse motivo a Prefeitura estará implantando, a partir de segunda-feira, diversas ações de valorização da Vila Parolin.

Com a participação de representantes de todas as áreas da prefeitura, do superintendente da Secretaria do Governo Municipal, Luiz Malucelli Neto, que será o responsável por coordenar as ações no bairro, e de representantes da comunidade, foram definidos os trabalhos que serão realizados no local: mutirão de limpeza, limpeza dos rios, limpeza e pavimentação de ruas com antipó, plantio de árvores e atendimento e acompanhamento das famílias por meio das equipes da Fundação de Ação Social (FAS).

Edson Pereira Rodrigues, presidente da Associação de Moradores da Vila Parolin, considera importante toda essa movimentação para a valorização do bairro. "Quem olha de fora pensa que somos favelados, abandonados pelo destino. Não é bem assim, a união da comunidade já garantiu conquistas importantes no primeiro semestre desse ano. A maior delas foi a retirada de diversas famílias do "beco do Bassani", que viviam em casas construídas em condições muito precárias. Esses moradores foram transferidos para o Tatuquara, onde alguns órgão municipais (FAS e Instituto Pró-Cidadania de Curitiba – IPCC) doaram materiais para erguer 11 casas. Os moradores também conseguiram a limpeza do Rio Guaíra, a desobstrução de galerias pluviais, manilhamentos diversos, asfaltamento de ruas, além de melhoramentos no atendimento à saúde e à educação. A prefeitura prevê, para o segundo semestre deste ano, a construção de uma creche na Avenida República com Rua Anselmo Camati.

Sucesso na Vila Torres

Nos mesmos moldes, a megaoperação que está acontecendo na Vila Porolin, foi realizada, há dois meses, na Vila das Torres. A polícia espera que os resultados obtidos sejam tão satisfatórios quanto os que culminaram na queda da criminalidade que imperava próximo à Avenida Comendador Franco.

No dia 29 de fevereiro, 700 policiais ganharam as ruas da Vila Torres na tentativa de inibir a criminalidade que assolava os moradores da região e as pessoas que trafegavam pelas ruas próximas à invasão. O principal problema era a freqüência de assaltos em semáforos na esquina entre a Avenida Comendador Franco (Avenida das Torres) e a Rua Guabirutuba, que corta a vila. Dois meses depois da operação, o resultado é comemorado tanto pela polícia quanto pelos moradores. Desde então a Delegacia de Furtos e Roubos não teve registros de assaltos em sinaleiros, os chamados "quebra-vidros" .

A megaoperação ainda continua, mas em menor proporção. Atualmente 40 policiais da Companhia de Choque estão "emprestados" pelo Regimento de Polícia Montada para atuar no local. Eles estão divididos em quatro equipes, trabalhando dez homens a cada período de seis horas. Segundo os soldados Maior e Roberson, durante o dia os policiais fazem ronda a pé ou com cavalos, ficando concentrados em pontos estratégicos, onde há maior tráfego de veículos e movimento de pedestres. "A partir das 23h os patrulhamentos são feitos com viaturas e os policiais agem diretamente dentro das ruelas da vila. Nós percebemos que diminuiu muito o número de furtos e roubos, cujas vítimas eram os próprios moradores daqui", contam os policiais.

Durante o dia a tranqüilidade dos moradores é visível. A maioria sobrevive da coleta e venda de material reciclável, o que faz as ruas serem tomadas pelo movimento dos carrinheiros. Outra parte da população local vive de pequenos comércios, como oficinas mecânicas e mercearias, que funcionam dentro da Vila Torres.

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