Morador de rua tem o corpo queimado com ácido

Um crime covarde e cruel, sem qualquer motivo aparente, destruiu o rosto e parte do corpo do morador de rua identificado como Alessandro Duarte de Matos, 28 anos. Na madrugada de quinta-feira, ele dormia quando alguém jogou algum tipo de ácido sobre seu corpo, causando-lhe queimaduras de terceiro grau. A polícia soma esforços para identificar o agressor, enquanto Alessandro padece internado no Hospital Evangélico.

Por volta das 3h, o morador de rua dormia sob a marquise de um aviário, na Rua Coronel Francisco H. dos Santos, Jardim das Américas, quando foi surpreendido por algo que lhe causou uma forte dor. Desesperado, Alessandro tirou a camiseta, arrancando junto um pouco da pele. Sem ter a quem pedir ajuda, ele voltou a se deitar, até as 9h da manhã, quando a proprietária do aviário e a funcionária Diulie Traguetta, 23, chegaram para abrir o comércio. ?Vimos aquela bagunça e a camiseta dele toda retorcida, como plástico quando queima. O rosto dele estava preto e os dedos, em carne viva?, relatou a funcionária, que imediatamente acionou a ambulância do Samu.

Perícia

A garrafa, onde possivelmente estava o líquido usado, foi levada pelos socorristas para ser encaminhada à perícia. Alessandro foi levado ao Hospital Evangélico, onde passará por cirurgias de enxerto de pele e não há previsão de tempo que permanecerá internado.

A Delegacia de Homicídios investiga o caso. De acordo com o delegado Jaime Luz, Alessandro não soube dizer quem o agrediu. ?Vamos trabalhar até encontrar o culpado por essa covardia?, finalizou o delegado.

Anos passados sem casa, sem emprego e sem família

Há quatro anos Alessandro passava a noite sob a marquise do aviário. A rotina fez com que ele estreitasse o relacionamento com a proprietária e a funcionária do comércio. Tanto que, há alguns meses, elas chamaram o resgate social e o aconselharam a tentar melhorar sua vida. ?Ele ficou lá três meses, e nas últimas semanas voltou a dormir aqui. Foi nesse retorno que soubemos um pouco mais de sua vida?, contou a funcionária Diulie Traguetta.

Segundo ela, Alessandro contou que morava em Porto Alegre e que veio para Curitiba depois que sua mãe morreu, uma vez que não tinha mais nenhum parente. ?Ele disse que se prostituía. Sem conseguir emprego ele bebia muito e sempre dormia aqui. Nós sempre procurávamos aconselhá-lo e ajudá-lo?, contou Diulie.

Segundo ela, Alessandro é um rapaz calmo, não oferecia qualquer risco e nunca se envolveu em briga com outros moradores de rua. Entretanto, alguns conhecidos dele costumavam brigar entre si. ?Quando chegamos, estranhamos a bagunça, pois ele dormia e depois arrumava tudo direitinho. Não sabemos quem possa ter cometido essa violência, e nem o motivo?, finalizou Diulie.

Caso semelhante

Em 1989, um caso semelhante de covardia chocou Curitiba. A balconista de uma loja de tecidos, no bairro Juvevê, ficou com o rosto deformado depois que o namorado jogou ácido nela. Marilene Froma estava no ponto de ônibus quando o indivíduo espirou o produto usando um tubo de desodorante. Ele foi preso, cumpriu pena no extinto Presídio do Ahu. Marilene fez diversas cirurgias para reconstituir o rosto. Hoje ela está casada e se nega a falar sobre o que aconteceu.

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