Ministério Público denuncia dono da Dudony

O Ministério Público (MP) em Maringá apresentou denúncia criminal contra o dono do grupo Dudony, Antônio Donisete Busíquia, alegando que, ao invés de pagar os credores, ele desviou parte dos lucros da empresa para enriquecimento próprio.

Segundo o MP, o rombo causado pelo empresário passa de R$ 308 milhões, sem contar eventuais débitos com a Receita Federal e o município. Busíquia e mais nove pessoas são acusadas de crime falimentar e formação de quadrilha.

O promotor de Justiça Maurício Kalache não deu entrevistas, mas afirmou, em nota, que “se somarmos hoje todos os valores questionados em ações penais que tratam de crimes contra o patrimônio em todo Paraná não chegaremos nem perto do rombo causado pelo responsável pelo grupo Dudony”. A rede de lojas de móveis e eletrodomésticos Dudony foi vendida em 2009 ao Baú da Felicidade, mas Busíquia ainda controla o atacadista.

Golpe

De acordo com a denúncia, o empresário deixava de pagar fornecedores, assumia empréstimos bancários que não honrava e gastava os lucros que tinha com a aquisição de dezenas de imóveis de alto padrão, veículos de luxo e outros bens.

Além disso, a promotoria descobriu que ele criou pelo menos sete empresas para desviar dinheiro e aparentar legalidade a suas ações. “É um exemplo nocivo de ascensão econômica garantida às custas dos credores e do patrimônio público”, diz o promotor.

As empresas DISMAR – Distribuidora Maringá de Eletrodomésticos Ltda. e Markoeletro Comércio de Eletrodomésticos Ltda., que compõem a rede varejista de nome fantasia Dudony, tiveram a recuperação judicial concedida em 2008. O grupo contraiu dívidas que superam R$ 308 milhões.

Segundo a denúncia, antes de distribuir o pedido de recuperação judicial, os familiares de Antônio, “assessorados por contador, administrador de empresa e outros profissionais, desviaram, em proveito próprio e em prejuízo de seus credores, bens móveis e imóveis, ocultando-os em nome de terceiras pessoas físicas e jurídicas”.

Além da DISMAR e da Markoeletro, Bursíquia, sua esposa Ana Márcia Messias e os filhos Leonardo e Fernando também constam como sócios em outras cinco empresas listadas pelo Ministério Público, que teriam sido utilizadas para compra ou transferência de diversos imóveis e veículos: A San Marino Participações Sociais Ltda.; Milão Participações S.A.; ADM Batel Participações Ltda.; Thomas Greco Participações Ltda.; e Leonfer Transporte e Logística Ltda.

Geraldo Luiz Gonçalves, José Ramil Poppi e Eldo Moreno, além de Paulo Sérgio, irmão de Antônio, também figuram como sócios de algumas das empresas da família e foram incluídos na denúncia, juntamente com o contador Júlio Gonçalves Neto e o assessor empresarial Mauro José de Farias.

Segundo a denúncia, além de adquirir diversos bens ao invés de pagar os credores, Bursíquia “indicou no pedido de recuperação judicial a existência de débitos com as empresas San Marino e Milão no valor total de R$ 3.231.374,00”, ou seja, alegou que devia para empresas que são de sua propriedade.

Além da ação penal, o Ministério Público solicitou a prisão preventiva do empresário e o sequestro dos bens. A 2.ª Vara Criminal de Maringá acatou o pedido de indisponibilidade de bens de todos os denunciados, mas negou o pedido de prisão. O promotor de Justiça Maurício Kalache entrará com recurso.

Busíquia ainda não foi notificado

O advogado de Busíquia, Cleverson Colombo, disse que não teve acesso à denúncia. ,“Soube através da imprensa. O cartório não me forneceu o processo, portanto tenho que aguardar o recebimento na notificação para decidir como proceder”, explica.

Ele garantiu que nunca houve transferência de imóveis da família para as empresas. Questionado sobre as dívidas que Busíquia teria declarado possuir com empresas de sua propriedade, o advogado disse que são referentes à venda de imóveis da empresa de um dos filhos dele para o pagar de dívidas com funcionários. “Na época que pedimos a recuperação judicial, o Ministério Público não falou nada”, ressalta.