Menino é morto pela ex-namorada do pai

Com requintes de crueldade e de forma premeditada, Vera Alícia de Jesus, 40 anos, matou Paulo Henrique Arruda Rocha, 11. O garoto era filho do viúvo Tiago Poleto Rocha, ex-amásio da assassina. O corpo foi encontrado terça-feira à noite, enterrado no canteiro de cebolinhas da casa de Vera, na Rua São João, Jardim Monte Santo, em Almirante Tamandaré. O cadáver foi achado após investigações de policiais do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), com apoio da delegacia local. Segundo familiares da homicida, Vera é maníaco-depressiva, fica violenta quando sofre crises, e pretendia se vingar do ex-companheiro, que supostamente tinha uma dívida com ela, coforme apurou a polícia.

Na tarde de segunda-feira, Vera saiu de casa e foi até a escola onde Paulo estudava, no Uberaba. Convenceu o garoto a ir até Almirante Tamandaré, dizendo que iriam buscar um presente, que seria dado no aniversário da avó dele. Antes Vera pediu para o filho de 16 anos ir até a casa da irmã dele, com a desculpa que ela teria de ir ao médico. Desta forma conseguiu ficar sozinha com Paulo. Porém, para chegar até a sua residência, ela tinha que passar pelo lado da casa de uma amiga, pois morava na casa dos fundos do terreno.

Frieza

De acordo com a amiga, a morte do menino teria ocorrido por volta das 20h. Nesse horário, um grupo de fiéis estava orando em sua casa, o que teria abafado os gritos de Paulo. Uma das versões comentadas no local é que Vera matou o garoto e deixou o corpo do lado de fora da casa, até a manhã seguinte. Com a luz do sol e depois de os vizinhos terem saído para trabalhar ou estudar, teria então enterrado Paulo sob uma fina camada de terra, na horta.

Ainda naquela noite, Vera desceu até a casa da amiga, tomou um chá e atendeu ao telefonema de uma tia de Paulo, que o procurava desesperadamente. “Ela voltou rápido para casa, geralmente assistíamos a novela juntas e ficávamos conversando”, estranhou a amiga de Vera. Segundo relato da mulher, a assassina não demonstrou nenhuma alteração que denunciasse o crime ou sua intenção de cometê-lo.

Desespero

Enquanto tudo isso acontecia em Almirante Tamandaré, no Uberaba o pai do menino, Tiago, entrava em desespero. Ficou sem dormir a noite e pela manhã procurou o Sicride. Lá, os investigadores pediram algumas informações, confeccionaram um cartaz com a foto da criança desaparecida e começaram a procurá-la. Eles descobriram o relacionamento de Tiago com Vera e apuraram que uma mulher havia pego o menino na escola. Com uma fotografia de Vera eles começaram a fechar o cerco para esclarecer o caso.

Vera foi levada até a escola e foi reconhecida por uma criança. Ela, então, passou a se contradizer e confessou o crime hediondo. Vera levou os policiais de volta à sua casa e mostrou onde havia enterrado o corpo, no começo da noite de terça-feira. Em seguida, foi ouvida pelo delegado Átila Darold, da delegacia de Almirante Tamandaré, e pela delegada Márcia Tavares dos Santos, do Sicride. O filho que morava com a mulher também foi levado à delegacia para ser ouvido.

Doença

Do lado de fora da delegacia, Vivian de Jesus, filha de Vera, contou que a mãe é maníaco-depressiva e costumava ser violenta quando entrava em surto. Ela mesma saiu de casa quando teve o braço quebrado com um cabo de vassoura, há oito anos. Segundo Vivian, a doença começou a se manifestar depois que o homem com quem Vera tivera um filho, hoje com 16 anos, fugiu com outra mulher.

Com Tiago, Vera teve um relacionamento de cerca de um ano. Os dois moraram juntos com seus respectivos filhos e há aproximadamente duas semanas, cada qual foi para sua casa, mas continuaram namorando. Suspeita-se que Vera não gostava do filho de Tiago, por acreditar que ele atrapalhava o relacionamento deles.

De acordo com os levantamentos da polícia, Vera foi buscar a criança com a intenção de seqüestrá-la, pois queria recuperar uma suposta dívida que tinha com Tiago. Segundo o interrogatório da acusada, ela e o menino se desentenderam e, nervosa, Vera matou Paulo Henrique com uma faca e enterrou o corpo no quintal.

A assassina está recolhida na delegacia de Quatro Barras, local destinado para mulheres que cometem delitos na Região Metropolitana de Curitiba.

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