Matador da esposa vai ser julgado

O assassinato de uma mulher, ocorrido há quase quinze anos e até hoje não esclarecido, está na pauta do Tribunal do Júri para a sessão de hoje. O acusado do crime, Gilson Luiz Vianna Júnior, será julgado a partir das 9h. Ele teria matado a ex-esposa, a psicóloga Dilce Mara Fernandes Vianna, na tarde de 10 de dezembro de 1987. Dilce foi assassinada com cinco tiros dentro do carro dela, na esquina das avenidas Mário Tourinho e Vicente Machado, e jogada para fora do veículo. O condutor e provável assassino fugiu. Gilson não foi preso porque a defesa alegou ausência de indícios da autoria do crime.

Gilson e Dilce, que tinha 28 anos, estavam separados há poucos meses quando ela foi morta. A relação era tumultuada e marcada por agressões, conforme depoimentos colhidos pela polícia e anexados ao processo criminal. Quando o casal se separou, Dilce estava grávida do primeiro filho, que nasceu em setembro, dois meses antes do crime. A psicóloga, que tinha consultório na Água Verde e dava aulas na Universidade Tuiuti, relatava à família e amigos as agressões e ameaças por parte do ex-marido.

Armado

Dias antes de ser assassinada, Dilce recebeu a visita de Gilson em seu apartamento. Armado, ele fez ameaças e levou o bebê. Dilce registrou queixa na delegacia do 8.º DP (Portão). Gilson acabou devolvendo a criança, mas teria continuado a intimidar constantemente a ex-esposa.

No dia do crime, ele procurou por Dilce em seu consultório, no meio da tarde. Aguardou na sala de espera enquanto ela acabava de atender pacientes, e teria dito à secretária que precisava “muito falar com ela, para resolver tudo hoje mesmo”. Dilce e Gilson saíram juntos do local – ele dirigia o Gol da psicóloga.

Disparos

Às 16h15, um frentista e o dono de uma loja de automóveis na Avenida Mário Tourinho presenciaram a cena. Um Gol freou bruscamente, alguns metros antes da esquina com a Vicente Machado, e cinco disparos foram ouvidos. Em seguida, o condutor – um homem – desceu do carro, deu a volta por trás, abriu a porta do passageiro e jogou na calçada o corpo ensangüentado de Dilce, fugindo em seguida.

Em depoimentos, Gilson afirmou que naquele momento estava com a mãe dele, no centro da cidade, negociando uma motocicleta. Apontando detalhes controversos nos depoimentos das testemunhas do crime, a defesa de Gilson alegou insuficiência de indícios – não haveria como provar que ele era o homem que dirigia o Gol da vítima. Com isso, o acusado jamais foi para trás das grades.

Gilson Luiz Viana Júnior está com 44 anos. Na época do crime, era funcionário do Tribunal Regional do Trabalho e respondia inquérito por tráfico de drogas em Paranaguá: havia sido pego pela Polícia na Rodovia das Praias, com alguns amigos, levando maconha no carro.

O acusado será defendido pelo advogado Carlos Humberto Fernandes Silva. Na acusação, atuará o promotor Celso Luiz Peixoto Ribas. O júri será presidido pelo juiz Fernando Ferreira de Moraes, da Primeira Vara do Tribunal do Júri.

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