Mapa da criminalidade para diminuir a violência

O governo do Estado está determinado a diminuir os números da criminalidade no Paraná. Para tanto, é necessário conhecer como e onde agem os criminosos. Por isso, um estudo completo sobre a distribuição dos crimes nas cinco principais cidades paranaenses (Curitiba, Foz do Iguaçu, Londrina, Maringá e Ponta Grossa) foi elaborado com dados das polícias Militar e Civil em julho deste ano.

O projeto, batizado Mapa do Crime, registrou em sua segunda fase, todas as ocorrências nessas regiões, separando-as por sua natureza e por bairro. Nesse período foram registradas 43.148 ocorrências, sendo que 16.383 delas foram de naturezas selecionadas e 9.517 foram geoprocessadas pela metodologia utilizada no estudo. A existência de dados não aproveitados explica-se pela inadequação das bases de logradouros disponíveis e utilizadas pelo projeto, e pelo inadequado preenchimento de endereços nos boletins de ocorrência.

Em Curitiba, constatou-se que, das ocorrências registradas, 65,4% estão dentro de um raio de no máximo duzentos metros das avenidas e das 29 principais ruas da cidade. Essa situação repete-se, por exemplo, em Londrina, onde as ocorrências dentro desse raio das principais vias chegam a 70,2% dos casos. Em Foz esse porcentual é de 67,5%, em Maringá 64,7% e em Ponta Grossa 57,4%.

O estudo classificou os bairros em cinco graus de risco. Para tanto, foram analisados também a heterogeneidade dos bairros em termos de população e a área geográfica.

Na capital, as áreas de maior risco aparecem como as mais centrais. O Centro da cidade está com risco 5. Os bairros vizinhos Água Verde, Rebouças, Batel, São Francisco e Alto da Quinze, estão no risco 4. Em bairros mais afastados, como Ganchinho, Caximba e Umbará, na zona sul da cidade e a Cachoeira, Santa Cândida e Lamenha Pequena, zona norte, aparecem com risco 1. O Cajuru (zona leste), que por muitos é considerado um dos bairros mais perigosos, aparece com risco 3.

Em Foz do Iguaçu, o Centro também é caracterizado como lugar mais perigoso à população. A Bela Vista aparece logo em seguida com risco 4. Em Londrina, os bairros mais violentos são o Centro Histórico e os Cinco Conjuntos. Em Ponta Grossa, o Centro ficou com grau 5 e o bairro Uvaranas com grau 4. Em Maringá, a Zona 7 foi considerada de alto risco e as zonas 1,3,24,36 e 37 ficaram com grau 4. As zonas 22 e 41 foram consideradas de baixo risco.

O estudo demonstrou também que Curitiba apresentou, em média, o maior índice de ocorrências por mil habitantes, seguida por Londrina, Foz e Ponta Grossa. Alguns bairros de Curitiba que foram classificados como risco menor, também podem ter risco maior que bairros considerados perigosos em outras cidades.

Boletins de ocorrências podem ser unificados

O Mapa do Crime trabalhou com dados de ocorrências de nove espécies de crimes: estelionato, extorsão/seqüestro, furto, lesão corporal, relativas à morte, relativas a veículos, relativas à violência sexual, roubo e tóxicos. No mês de julho último, objeto da análise, Curitiba registrou 11.082 ocorrências nessas nove modalidades, a grande maioria das 16.283 consideradas em todo estudo.

A maior incidência na capital foi de furto com 4.784, seguido de roubo com 2.999, e relativos a veículos com 1.904. Em todo o Estado, o furto também é o campeão com 7.553. Nos crimes relativos à violência sexual nota-se que quanto maior a cidade, maior a incidência. A capital registrou 25 desses casos, Londrina, vem em segundo, com seis casos, Ponta Grossa teve cinco registros e as demais cidades um cada.

Sugestões

A equipe de técnicos que desenvolveu o trabalho sugeriu que os boletins de ocorrência das duas corporações fossem unificados. ?Os boletins de ocorrência, atualmente em uso pelas corporações policiais, são muito distintos entre si, uma vez que foram desenvolvidos em tempos diferentes para usos diversos, levando em conta apenas as necessidade específicas de cada corporação?, afirma o estudo.

Outra sugestão é a criação de um sistema de integração das bases de dados de Segurança Pública. A criação desse sistema envolveria o Poder Judiciário, Departamento Penitenciário (Depen), Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR), Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Federal, Ministério de Justiça, entre outros.

?O sistema integrado para área de segurança pública pressupõe que todas as bases já existentes possam ser interligadas à base criada para sediar informações dos boletins de ocorrência, de forma a permitir uma visão global da passagem dos acusados pelo sistema, possibilitando o monitoramento do histórico criminal do indivíduo, desde a investigação, apreensão, julgamento e cumprimento de pena.?

Também é sugerida a unificação das áreas de atuação das polícias Militar e Civil, pois durante o trabalho, foi constatado que não há convergência nas áreas de atuação das corporações. ?Estima-se que a unificação dessas áreas facilitaria o contato entre as pessoas responsáveis pela administração, coordenação e planejamento de estratégias de atuação das duas forças, agilizando o processo de tomada de decisão sempre que for necessária a atuação conjunta da polícias. Até mesmo o uso do geoprocessamento como ferramenta auxiliar de atuação será de maior utilidade.?

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