Mais um travesti é assassinado em Curitiba

Quatro travestis foram assassinados em Curitiba, em menos de um mês. Desta vez, o crime aconteceu na Rua Mamoré, Mercês, por volta das 2h de ontem. A vítima, identificada por amigas como “Dara”, foi morta com tiros na cabeça, no banco traseiro do Uno placa IDU5731.

Testemunhas viram um homem e duas mulheres (ou travestis), saindo do carro logo após o crime, porém ninguém foi identificado. A Delegacia de Homicídios investiga as mortes dos travestis.

O superintendente da DH, Odimar Klein, informou que “Dara” foi baleada com o veículo em movimento. O carro só foi estacionado uma quadra depois. “Seguranças que trabalham na rua viram três pessoas saindo do carro andando”, disse.

A polícia apurou que o Uno havia sido roubado na sexta-feira da semana passada, na esquina da Rua Desembargador Motta e Rua Doutor Carlos de Carvalho, no centro.

Como o travesti não portava documentos, não pôde ser identificado no local, o que impede o início das investigações. Ele vestia calça de lycra preta, jaqueta vermelha, meias e tênis rosa. Tinha cabelos enrolados, na altura dos ombros, e a tatuagem de uma flor no lado direito do peito. Aparentava cerca de 25 a 30 anos.

Ligações

O delegado Hamilton da Paz, titular da DH, informou que os quatro assassinatos não têm ligação entre si. A polícia já tem suspeitos para as duas primeiras mortes, mas não divulgou detalhes para não atrapalhar a investigação. Já as outras duas últimas vítimas estão sem identificação oficial e não há pistas dos crimes.

Márcio Marins, coordenador do Centro de Referência João Antônio Mascarenhas, do Cepac (Centro Paranaense de Cidadania), informou que a vítima veio de São Paulo há quatro anos.

Ação contra o preconceito

Janaina Monteiro

O coordenador do Centro de Referência João Antônio Mascarenhas, do Cepac (Centro Paranaense de Cidadania) – que presta atendimento a homossexuais e travestis vítimas de violência – informou que a Aliança Paranaense pela Cidadania LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) marcou para amanhã uma reunião com representantes de movimentos sociais para tratar da intolerância.

O encontro será realizado às 18h, na sede da organização (Avenida Marechal Floriano Peixoto, 366, 4.º andar). “Vamos nos reunir com movimentos que representam judeus, negros e mulheres para armar uma frente de combate ao neonazismo. A sociedade curitibana ainda é muito conservadora. Nessa reunião pretendemos planejar uma campanha de combate à intolerância”, contou Márcio.

Preconceito

Segundo ele, a maioria dos travestis e transexuais que vive em Curitiba e região trabalha como profissionais do sexo. “Eles saem muito cedo da escola por não aguentar o preconceito. Como meio de sobrevivência, restam as ruas. É uma necessidade e não uma opção”, avaliou. “Normalmente elas são expulsas pela família ou decidem sair de casa para fugir dos problemas que a opção sexual acarretaria.”