Madrugada sangrenta em Colombo

A quarta-feira foi de luto em Colombo, em especial nas regiões do Alto da Cruz, Jardim Itaipu e Jardim Monza. Nas ruas e esquinas, moradores assustados e entristecidos comentavam sobre a onda de violência da madrugada. Nas rodas de bate-papo, o tema era sempre o mesmo: os três assassinatos ocorridos em um intervalo de apenas uma hora, a poucas quadras de distância um do outro. O barulho dos tiros, o som das ambulâncias e as sirenes de viaturas policiais interromperam o sono da vizinhança, que acordou acreditando estar em uma guerra.

A matança começou à meia-noite e meia, na esquina das ruas Princesa Isabel e Tunísia, no Alto da Cruz. Quando retornava do trabalho, a pé, Luciano Vicente Carvalho, 32 anos, foi abordado por alguns indivíduos, que atiraram três vezes no rosto da vítima. Pelo que foi apurado pela polícia, um dos homens teria pedido dinheiro a Luciano. Não se sabe se o rapaz reagiu ao assalto. ?Testemunhas informaram que eram dois ou três bandidos?, relatou o superintendente Braga, da delegacia do Alto Maracanã. Segundo Janaína, que mora em frente ao local do crime, os comentários eram que os criminosos teriam fugido sem levar os cerca de R$ 45 que estavam no bolso de Luciano.

Bastante abalados com o assassinato, alguns vizinhos disseram que a vítima trabalhava em Pinhais e sempre voltava no mesmo horário. Ontem, segundo o superintendente Braga, Luciano mudou o caminho, porque iria passar na casa de sua ex-mulher, que também mora na vizinhança, para ver seu filho de 5 meses.

Mais tiros

Foto: Alberto Melnechuky

De Sidnei, bandidos levaram aparelho eletrônico.

Reunidos em volta do corpo do rapaz, na escuridão, alguns poucos moradores levaram outro susto, logo em seguida. Cinco minutos depois da fuga dos matadores, antes mesmo da chegada do Siate e da Polícia Militar, mais quatro tiros foram ouvidos na quadra de baixo, na Travessa Ana Neri, no Jardim Itaipu. Foi lá que Sidnei Marcelo Falcão, 23 anos, que também retornava a pé do trabalho, foi baleado e morto. A vítima foi atingida perto do olho e na barriga.

Em função da proximidade dos crimes e da semelhança entre eles (tiros no rosto, efetuados por armas de pequeno calibre), a polícia acredita que as duas vítimas foram assassinadas pelos mesmos indivíduos.

Assim como no crime anterior, é provável que os marginais tenham pedido dinheiro a Sidnei. ?Pelo que a gente soube, levaram um aparelho de MP4 dele?, relatou André, morador do bairro. Vizinhos comentaram outra trágica coincidência, Sidnei também mudou o trajeto que costumava fazer para retornar a sua casa. ?Ele vinha por outra rua, mas estava cansado de ser assaltado e resolveu alterar o caminho?, lembrou André.

Investigações

A delegacia do Alto Maracanã já começou as investigações e, ontem, ouviu testemunhas. ?Ao que tudo indica, tratam-se de dois crimes de latrocínio (roubo com morte), embora, no primeiro caso, os marginais não conseguiram efetuar o roubo?, analisou o superintendente Braga.

?As informações são de que o autor dos disparos estaria vestindo uma camiseta laranja?, acrescentou. Nenhuma das vítimas tinha passagem pela polícia e, segundo as famílias, não tinham inimizades nem envolvimento com drogas.

Ladrão de varal executado

Foto: Alberto Melnechuky

Desconhecido carregava calças jeans molhadas.

Os moradores que acompanhavam o trabalho da perícia, nos dois locais de morte, sequer haviam retornado às suas casas, por volta de 1h30, quando houve novo corre-corre. Ambulâncias e viaturas da PM se espalharam pelas ruas à procura de outra vítima de homicídio. Desta vez, na Rua João Trevisan, no Jardim Monza. No meio da rua de terra, estava caído o corpo de um indivíduo de aproximadamente 20 anos. Ele foi morto com tiros na cabeça.

Até o momento, a polícia descarta a hipótese de este crime estar relacionado às mortes anteriores. ?Ao que parece, esta vítima era um andarilho que, segundo os policiais militares, seria um ?ladrão de varal??, disse Braga. Quando foi morto, o rapaz, que ainda não foi identificado, carregava algumas calças jeans molhadas. Ele vestia jaqueta cinza, calça cinza e chinelos pretos. Segundo testemunhas, após o crime, os autores teriam fugido em direção ao Jardim Ana Terra.

Voltar ao topo