Justiça ouvirá testemunhas da tragédia do Jockey

Apesar de protestos, manifestações e de uma recente missa rezada em memória das três vítimas fatais do show “Unidos pela Paz”, realizado em 31 de maio do ano passado, no Jockey Club do Paraná (Tarumã), e que deixou mais de 40 pessoas feridas, até agora o caso ainda não teve uma solução. Somente duas pessoas foram responsabilizadas pelo evento – que previa reunir 25 mil pessoas na apresentação de quatro bandas de rock -, o empresário Athayde de Oliveira Neto, 23 anos, e o pai dele, Athayde de Oliveira Filho, foram denunciados pelo Ministério Público. No entanto, ainda agora há pessoas que garantem que existem outros responsáveis pelo show, e que Athayde Neto foi uma espécie de “laranja” para assumir o resultado da confusão havida nos portões do Jockey, naquela noite.

Os adolescentes mortos – Larissa Cervi Seletti, 15 anos; Jonathan Raul dos Santos, da mesma idade, e Mariá de Andrade Souza, 14 – foram pisoteados na frente dos portões do Jockey, por centenas de jovens que tentavam entrar ao ouvir os primeiros acordes das guitarras da banda que iniciava a primeira apresentação. Apenas dois portões estreitos davam acesso ao público, que era muito maior do que a capacidade do local do evento. Não havia policiamento externo e apenas seguranças particulares agiam no local. Os seguranças não conseguiram conter a turba, resultando na tragédia.

Na época dos fatos, o presidente do Jockey, Luís Guilherme Mussi, também secretário de Estado da Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul, isentou o clube de qualquer responsabilidade, assim como o filho dele, Luís Fernando Pimentel Mussi (citado como possível sócio de Athayde), gerente do Canal 21, de propriedade de seu pai, disse que apenas fez permutas de mídia entre o canal de TV e o evento. Ambos foram ouvidos pelos promotores responsáveis pela acusação, no processo que corre pela 3.ª Vara Criminal, e ainda esse ano deverão ser ouvidos novamente, desta vez a pedido da defesa, que está a cargo do advogado Júlio Militão da Silva.

Também na época em que ocorreu a tragédia, o promotor de Justiça de Defesa do Consumidor, João Henrique da Silveira, chegou a pedir a interdição do Jockey, sob alegação de que ele não teria condições de abrigar um show de tamanhas proporções. Também o Corpo de Bombeiros informou que fez vistoria no local e não o liberou para o evento, por ausência de condições mínimas de segurança.

Procedimentos

Somente após a ouvida das testemunhas de defesa, o que deve acontecer nos próximos meses, é que o processo voltará para o Ministério Público, para suas considerações finais, e depois para a defesa, de forma que também faça suas últimas análises, e então retornará ao juiz. Este poderá absolver os réus, o que é bastante improvável, ou pode realizar um júri singular, se considerar que as mortes ocorreram sem dolo (culpa) dos organizadores, ou ainda encaminhar o caso para júri popular, a ser realizado no Tribunal do Júri de Curitiba, caso considere que houve culpa dos envolvidos, que teriam corrido o risco de expor pessoas à sua situação de perigo, ao vender mais ingressos do que o local poderia comportar.

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