Campo Largo

Julgamento do caso Centronic é adiado

Sete horas depois de iniciado,o julgamento de dois ex-vigilantes da Centronic, acusados matar o estudante Bruno Strobel Coelho Santos, 19 anos, foi cancelado pela juíza Inês Marchalek Zarpelon, de Almirante Tamandaré.

Ela anunciou o cancelamento ao confirmar que a jurada Elaine da Cruz é irmã do advogado Edson da Cruz, que anteontem encaminhou documentação para o processo, pedindo que uma testemunha o também advogado Antônio Neiva de Macedo Filho – fosse dispensada. Nova data será marcada no mês de agosto.

Os trabalhos haviam começado às 9h, com a chegada dos réus Marlon Balem Janke, 33 anos, e Douglas Rodrigo Sampaio Rodrigues, 29, com os jurados já sorteados.

Quatro testemunhas de acusação haviam sido ouvidas, quando Inês Zarpleon fez intervalo, às 16h. Nesta hora alguém anonimamente ligou para o Fórum informando o parentesco entre jurada e advogado.

Como o júri era feito no Centro de Convenções de Almirante Tamandaré, por questão de espaço, o funcionário do Fórum avisou a juíza pelo celular. Diante de todos, Inês Zarpelon confirmou com a jurada seu parentesco com o advogado e imediatamente optou pelo cancelamento.

Conformados

“Não há a menor condição de continuar o julgamento. Ele está prejudicado”, disse a juíza, visivelmente contrariada com o desfecho dos trabalhos. Os advogados de defesa, o promotor e os dois assistentes de acusação concordaram, embora também tenham lamentado o cancelamento.

Os pais de Bruno, o cronista esportivo Vinicius Coelho e a dona de casa Eliane Strobel, que acompanhavam o julgamento (ambos sob efeito de calmantes) lamentaram o episódio, mas aceitaram a decisão. “É melhor que seja cancelado agora, do que anulado mais tarde”, comentou o assistente de acusação Rafael de Melo, consolando o casal.

A jurada não usou de má-fé, segundo a juíza, pois não sabia que o irmão havia encaminhado petição para o processo, um dia antes do julgamento. “Foi uma fatalidade”, assegurou Inês Zapelon.

Vaias

Marlon e Douglas, que estão presos há mais de dois anos, retornaram para a cadeia, não sem antes receber abraços e beijos dos parentes que estavam na platéia.

Na saída, sob escolta de uma equipe da Ronda Ostensiva de Natureza Especial (Rone) do 17.º Batalhão da PM, foram vaiados e chamados de assassinos por parentes e amigos de Bruno que colocaram faixas na frente do Centro de Convenções e usavam camisetas com a foto do rapaz assassinado.

Bruno Coelho foi sequestrado, torturado e morto com um tiro na cabeça, na madrugada de 3 de outubro de 2007, após ser detido pelo ex-vigilante Marlon pichando o muro de uma clínica, no Alto da XV. Os outros cinco acusados também serão levados a júri popular, mas as datas ainda não foram marcadas.