Crack no futebol

Jogo de meninos é interrompido por homicídio

Enquanto meninos de uma escolinha de futebol disputavam uma partida no campo da Ferroviária, o usuário de droga Carlos Eduardo Pires Meister, 26 anos, foi executado na ponte para pedestres da Rua 11 de Agosto, no Xaxim, na manhã de ontem.

Uma vizinha, que disse apenas ter ouvido os tiros, contou que os garotos ficaram assustados. “O treinador pediu para que todos se abaixassem e não olhassem para o local”, disse a mulher que mora há seis anos no bairro. Passado o desespero, enquanto a polícia trabalhava, os garotos continuaram a jogar bola.

Segundo a Polícia Militar, o crime aconteceu por volta das 9h. Carlos foi atingido com pelo menos três tiros, que acertaram as costas e a perna. Policiais do 13.º Batalhão lamentavam não ter conseguido informações sobre suspeitos do crime.

“Tem gente que viu quem foi, mas ninguém fala nada”, disse o sargento Juruá. De acordo com o policial, Carlos já foi absolvido de um homicídio. “Ele teve uma briga com o ex-padrasto. Carlos foi julgado e absolvido do crime”, contou o sargento.

Espera

Cecília Lepper, mãe de Carlos, já esperava pela morte do filho, que começou a usar crack aos 15 anos. “Dói no coração, mas esse é o fim dos usuários de crack. Já tentei interná-lo em clínica, mas ele nunca quis se tratar. Acho que deveria ter uma lei que obrigasse o internamento”. Cecília relatou que Carlos não trabalhava e vivia em função da droga e até cometia roubos. “Só matar que ele nunca matou”, disse.

Ontem, Cecília contou que o filho saiu de casa meia hora antes de ser morto. “Falei para ele não sair de casa, que iria chegar um colchão”, lamentou a mãe. O delegado Alexandre Bonzatto e investigadores da Delegacia de Homicídios estiveram no local do crime para apurar informações.