Caso Coronel

Inquérito que investiga coronel deve ser concluído semana que vem

O inquérito policial conduzido pela Delegacia de Homicídios, que investiga o coronel reformado do Corpo de Bombeiros Jorge Luiz Thais Martins, 56 anos, como autor de nove mortes e cinco tentativas de homicídios, no Boqueirão, entre agosto de 2010 e janeiro de 2011, deve ser concluído na próxima semana.

Até o momento, as investigações confirmam o coronel como autor das mortes e atentados. A principal prova produzida são os reconhecimentos fotográfico e pessoal, feito pelos sobreviventes e testemunhas dos assassinatos.

O inquérito tinha peças suficientes para ser concluído em julho. No entanto, a polícia ainda aguardava a chegada de laudos da perícia dos locais de crimes e também de confrontos balísticos, comparando projéteis e cápsulas recolhidas nos locais dos homicídios, com a pistola calibre 40, pertencente à corporação militar, entregue pelo coronel à polícia.

O delegado solicitou mais prazo para a finalizar o inquérito, que foi encaminhado ao Ministério Público e retornou à delegacia há um mês e meio. “Neste meio tempo, fizemos algumas diligências, solicitadas pela defesa. Os laudos também já chegaram e temos condições de concluir os trabalhos”, indicou o delegado Cristiano Augusto Quintas dos Santos, que cuida do caso.

Provas

Até o momento, a prova mais contundente contida no inquérito são os reconhecimentos das testemunhas e sobreviventes dos cinco locais de crimes, que resultaram em nove mortos e cinco feridos. No decorrer das investigações, os advogados de defesa do militar questionaram a validade do reconhecimento ter sido feito por usuários de drogas, que poderiam estar alucinados pelo uso dos entorpecentes, nos momentos dos crimes. “Não cabe a nós discutir isto. Fica a cargo do Judiciário verificar a validade destas provas”, alegou Cristiano.

Nos locais dos cinco crimes imputados ao coronel, a perícia recolheu projéteis e cápsulas calibres 40, 380 e nove milímetros. Os confrontos balísticos feitos com os locais onde havia projéteis calibre 40 e a pistola do coronel, de mesmo calibre, deram negativo. Mas, para o delegado, isto não é uma prova contundente que exclua o militar da possibilidade de ter cometido os crimes.

Primeiro, porque ele pode ter entregue a sua arma oficial à polícia e ter usado outras sem registro nos homicídios. Segundo, porque o confronto balístico, apesar de negativo, produziu uma comparação importante. Nos locais onde foram usados projéteis calibre 380, todos partiram da mesma arma, ou seja, tiveram um mesmo autor. “Como o coronel foi reconhecido pelas testemunhas em todos os locais de crimes, o resultado desta comparação balística só reforça que pode ter sido ele o autor das nove mortes e cinco atentados”, explicou o delegado.

Co-autor

Em dois locais de crimes, as testemunhas e vítimas informaram a participação de uma segunda pessoa, com descrições diferentes das do coronel. Esta pessoa teria ficado apenas dando cobertura ao autor dos homicídios. Com ajuda de outros setores da polícia, inclusive da Polícia Militar, a Delegacia de Homicídios conseguiu fotos de suspeitos. Mas as testemunhas não reconheceram nenhuma das pessoas mostradas nas fotos. A delegacia ainda não sabe quem é este co-autor, mas continua trabalhando para identificá-lo.